Samir Almeida: adepto das cozinhas fantasmas
 - Divulgação/ Hermes Senna
Samir Almeida: adepto das cozinhas fantasmas Divulgação/ Hermes Senna
Por Letícia Moura*

Restaurantes sem letreiro na fachada ou ambiente para receber o público. Achou incomum? Chamadas de dark, cloud ou ghost kitchens, em inglês, as cozinhas fantasmas são a bola da vez dos empreendedores do ramo gastronômico. E funcionam da seguinte maneira: os estabelecimentos trabalham exclusivamente com o serviço de entregas em domicílio.

Para driblar a crise - intensificada pela pandemia do coronavírus - empreendedores apostaram no delivery, já que os estabelecimentos foram obrigados a fechar as portas por um período, devido às medidas restritivas. Uma pesquisa do Sebrae, em parceria com a Abrasel, indicou que, antes da pandemia, 54% dos empresários adotavam o delivery. Agora, esse percentual subiu para 66%.

O empreendedor Samir Almeida, de 31 anos, dono de três dark kitchens na cidade do Rio, migrou do setor imobiliário para o gastronômico após superar uma falência, em 2015. No mesmo ano, ele decidiu criar o "Rei do Pastel" e vender o produto por um aplicativo de delivery. Para a produção, Samir utilizava a cozinha da sua casa, em Quintino, na Zona Norte. No entanto, em 2016, o empreendedor enxergou no mercado de hambúrgueres artesanais uma nova oportunidade, e decidiu mudar o seu negócio.

Ainda em 2016, surgiu a hamburgueria Bob Beef, que, agora, funciona em três cozinhas fantasmas e atende o Grande Méier, Grande Tijuca, Centro e Zona Sul. Hoje, com mais de cinco mil pedidos pela demanda virtual, Samir fatura R$ R$ 450 mil por mês.

Há quatro anos, Almeida alugou um espaço com a cozinha híbrida - que funcionava como ponto físico e delivery. Em 2018, o empreendedor abriu a sua segunda filial no Grajaú, na Zona Norte.

"A loja vivia vazia de segunda a quinta, e o delivery não parava de bombar. De sexta a domingo, a loja lotava e eu chegava ao ponto de ter que desligar a operação do delivery, porque não conseguia atender bem os dois", disse.

Pouco tempo depois de abrir a loja para o público, Samir fechou a unidade, após amargar com amargar com a operação física. Então, decidiu apostar totalmente nas cozinhas fantasmas. Com o custo reduzido, ele encontrou vantagens. "Conseguimos contratar um chef de cozinha para incrementar o cardápio", contou, acrescentando que vai abrir outra dark kitchen neste mês, no Centro do Rio.

Já a pizzaria Trattoria Carioca nasceu nessa crise provocada pela pandemia. Os amigos Victor Vidal e Vitor Salamoni têm uma empresa de eventos e precisaram traçar uma solução, já que as festas estão proibidas neste momento. Eles resolveram investir e dividir uma dark kitchen com Armando Freitas, chefe de cozinha e amigo deles, que já tinha um empreendimento gastronômico.

Por enquanto, o restaurante entrega pela Zona Sul e Centro. "Está dando super certo, estamos tentando enxergar essa pandemia com olhos positivos. Senão fosse ela, não abriríamos o restaurante", ponderou Vidal.

 

Vantagens de uma cozinha fantasma
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A analista do Sebrae Rio, Louise Nogueira, esclarece que a cozinha fantasma é uma solução viável para o cenário de crise. “São cozinhas que podem ser compartilhadas com outros restaurantes, por exemplo. Então, isso pode reduzir os custos no momento em que os faturamentos despencaram, por causa da pandemia”, explicou, acrescentando que a tendência das dark kitchens já migrou para cidades do interior do estado.

A especialista pontua outras vantagens. “É possível adotar mais variedade no cardápio, incluir novos pratos, porque o empreendimento funciona só como cozinha. E o empreendedor tem redução de vários custos de pessoal, porque só se concentra na cozinha, e não no salão, que tem suas complexidades de operação”, esclareceu Louise. “Além disso, não precisa ter o cuidado com a localização do seu negócio, porque o cliente não vai até lá”
*Estagiária sob supervisão de Bete Nogueira
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