Rio lidera a lista de metro quadrado mais caro do país com preço médio de R$9.347 - fotos Divulgação
Rio lidera a lista de metro quadrado mais caro do país com preço médio de R$9.347fotos Divulgação
Por Maria Clara Matturo*

Mesmo diante da crise econômica ocasionada pela pandemia, o Rio registrou o melhor agosto para compra e venda de imóveis dos últimos quatro anos. Uma pesquisa realizada pelo Centro de Pesquisa e Análise da Informação do Sindicato da Habitação do Rio (Secovi Rio) mostrou que dos quinze bairros com mais transações de compra de unidades residenciais, oito estão localizados região. Liderando a lista estão a Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, Jacarepaguá e Campo Grande.

Morador da Zona Oeste, o enfermeiro sanitarista Peter Wallace, de 41 anos, e sua esposa, fazem parte das estatísticas. O casal que já estava planejando a mudança e encontrou nesse tempo uma oportunidade para comprar um novo imóvel na Freguesia. "Estávamos há um tempo procurando imóvel, e neste ano já existia uma promessa de ser um bom momento para o mercado imobiliário, mas em março fomos surpreendidos com essa pandemia e suspendemos nossos planos temporariamente. Porém, assim que as coisas começaram a ser retomadas a gente percebeu uma movimentação no mercado, entramos em contato com o lugar que já tínhamos olhado e o apartamento ainda estava à venda. Por fim conseguimos comprar com um preço bem melhor", conta. 

Para o gerente de negócios da imobiliária Apsa, Gustavo Araújo, alguns fatores ocasionados pela pandemia podem ter sido responsáveis pelo aquecimento do mercado. "A flexibilização das medidas de distanciamento social, a redução nos juros e a maior oferta de crédito imobiliário estão aquecendo o mercado no Rio de Janeiro. O crescimento de busca por unidades residenciais cresceu 77% entre junho e agosto, na comparação com os três primeiros meses do ano, antes da pandemia", explica Araújo.

Ele esclarece que os motivos são os mais diversos, mas destaca principalmente a necessidade de as pessoas se adequarem a uma nova realidade, seja profissionalmente (home office), no plano pessoal (novas opções de lazer e facilidades próximas às suas residências) ou no financeiro.

Com o valor médio de R$ 1,4 milhão para as transações de imóveis residenciais, a Barra está no topo. Mas outros bairros da região se destacam. No Recreio, o preço médio em cada transação chega a R$ 685,3 mil; em Jacarepaguá alcança os R$ 465,5 mil; e Campo Grande segue com os valores mais acessíveis (média de R$ 233,9 mil). De acordo com os dados do ITBI - imposto pago na compra do imóvel - fornecidos pela Prefeitura do Rio, o número de transações de compra e venda, de janeiro a agosto deste ano, chegou a 18.237, das quais 7.119 (39%) na Zona Oeste.

O vice-presidente do Secovi Rio, Leonardo Schneider, explica a crescente procura pela região. "A Zona Oeste, pós-pandemia, vem se destacando porque tem grandes condomínios, com muito espaço, áreas de lazer, áreas ao ar livre seguras e até mesmo casas, que tiveram uma procura maior por causa da pandemia. Já na Zona Sul e na Zona Norte não há essa oferta. As pessoas precisam de mais espaço dentro de casa também, para toda a família".

Dicas de ouro
ZONA OESTE - IMOBILIÁRIO - Gustavo Araújo, gerente de negócios da APSA
ZONA OESTE - IMOBILIÁRIO - Gustavo Araújo, gerente de negócios da APSADivulgação
Publicidade
Para os proprietários que estão pensando em se desfazer de algum imóvel, os próximos meses podem ser promissores. Gustavo Araújo, gerente de negócios da APSA, aconselha buscar um consultor de vendas. "No auge do mercado imobiliário, em 2010, as pessoas vendiam os imóveis do jeito que estavam. Tudo era muito rápido. Veio a desaceleração da economia, gerando uma importante crise no setor imobiliário", relembra.
"A pandemia pegou em cheio no momento em que todos aguardavam uma retomada. Mas, a partir de julho e agosto, o cenário dá sinais de mudança e a procura por imóveis volta a acelerar. Para aproveitar bem esse movimento, os proprietários devem contratar um bom consultor de vendas para ajudar a definir melhor o que deve ser feito, preparando o imóvel dentro do cenário existente e de acordo com o público-alvo", arremata.

Apesar da burocracia e da necessidade de um profissional, alguns pontos podem ser adiantados pelos proprietários, agilizando o tempo. "Alguns ajustes podem ser feitos por conta própria como: resolver as pendências de documentação, deixar o imóvel sempre com uma boa aparência, pintado, limpo e arrumado na hora das visitas; definir bem o preço porque o mercado está bastante objetivo; conhecer o público e reforçar os atributos positivos do imóvel como localização, serviços, vizinhança", ensina o gestor.
Você pode gostar
Comentários