ZONA OESTE - UVA BARRA - Divulgação
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Por Maria Clara Matturo*

Nos últimos meses, uma onda de discussões sobre o racismo tomou conta do Brasil e do mundo. Entre manifestações pelo movimento "Black Lives Matter" e o lançamento de um programa de trainee exclusivo para negros, o assunto foi pauta para os alunos de Design Gráfico, do campus Barra, da Universidade Veiga de Almeida. O projeto que começou na aula de Infografia, com o objetivo de promover o debate, deu tanto o que falar que agora vai se tornar pesquisa de iniciação científica.

Responsável pela turma e pela proposta, o professor da disciplina, Marcos Machado, conta que sempre busca trazer assuntos importantes para conduzir as aulas. "A proposta era fazer os alunos debaterem temas que fossem relevantes para a sociedade, fizemos sobre a covid-19 no início da pandemia e agora o debate foi sobre o racismo estrutural. Então eu fiz essa proposta, porque o Design tem essa função, de trazer esse diálogo com a sociedade".

Apesar de o assunto ser recorrente, Marcos foi surpreendido pelos resultados. O que era um trabalho valendo nota, passou a ser uma causa, e, a partir do ano que vem, vai ser estudado por três alunas negras na pesquisa "A Representação Imagética do Negro nos Campos da Ilustração e Animação no Brasil". "Propus aos alunos que pelo infográfico trouxessem informações de uma forma criativa e original. O papel deles enquanto estudantes e designers era organizar os gráficos e informações de forma que o leitor tirasse suas próprias conclusões".

Ele revela que os alunos se engajaram bastante. "Saíram bons resultados, inclusive fizemos a proposta para alguns alunos para desenvolvermos uma pesquisa de iniciação científica aprofundando o tema da questão racial através da ilustração e animação no Brasil", finaliza.

O trabalho que reflete a vida
ZONA OESTE - UVA BARRA - Kely Maria
ZONA OESTE - UVA BARRA - Kely MariaArquivo Pessoal
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Uma das alunas da turma que vai seguir com a pesquisa é Kely Maria, de 21 anos. Para a estudante, desenvolver um infográfico sobre racismo estrutural significou mexer nas suas próprias experiências. "A princípio, foi um pouco doloroso, pois tive que relembrar situações de completa violência que eu vi quando era criança. Confesso que o processo de criação não foi feliz, mas me senti na necessidade de entregar um trabalho realista, que tivesse embasamento e, no fim, conseguisse impactar alguém que não vive, ou talvez, nunca vá viver essa realidade", conta.
A estudante afirma ainda que a proposta era demonstrar a violência policial e como ela está ligada diretamente com o tom da pele. "Como todos esses números, conhecidos como estáticas, crescem na favela. Tirar uma conclusão disso tudo não foi difícil, porque no final não era só um trabalho de faculdade, era falar, além de tudo, da minha vivência e daqueles que me cercam", relata Kely.
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