Oito fuzis, quatro pistolas, granada e munição que estavam com os milicianos mortos foram apresentados em coletiva na Cidade da Polícia - Estefan Radovicz
Oito fuzis, quatro pistolas, granada e munição que estavam com os milicianos mortos foram apresentados em coletiva na Cidade da PolíciaEstefan Radovicz
Por Yuri Eiras
Rio - Itaguaí, Região Metropolitana do Rio, noite chuvosa de quinta-feira. A Polícia Rodoviária Federal intercepta na rodovia Rio-Santos um comboio de quatro veículos. Armados de fuzis e pistolas e distribuídos em trios, de maneira que até lembra a polícia, 12 milicianos desembarcam e trocam tiros com os agentes, mas todos morrem. Para chegar até a ação, realizada pela Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (CORE) em parceria com a PRF, o setor de inteligência se planejou durante 15 dias em monitoramentos diário, numa força-tarefa que busca asfixiar as milícias que dominaram municípios inteiros do Rio de Janeiro. 
Líder da milícia de Itaguaí, o ex-PM Carlos Eduardo Benevides Gomes, o Cabo Benê, foi morto no confronto. Os outros homens eram seus seguranças. Benê respondia diretamente a Wellington da Silva Braga, o Ecko, chefe da maior milícia do estado. Benevides foi lotado no 27º BPM, em Santa Cruz, justamente a principal área de atuação de Ecko. 
Publicidade
"Estamos em um trabalho de inteligência há cerca de 15 dias, monitorando alguns deslocamentos que tem acontecido em algumas rodovias federais. Esse deslocamento não foi o primeiro desse grupo miliciano. Eles transitavam entre a Zona Oeste e a Baixada. Nós nos fizemos presentes em outras oportunidades tentando interceptar, mas não foi possível. Em uma delas, vimos a passagem deles para a Baixada, aguardamos o retorno para a Zona Oeste, mas eles não voltaram naquele dia", explicou o subsecretário de Polícia Civil, Felipe Cury, na coletiva que apresentou o armamento apreendido: oito fuzis, quatro pistolas, munições, granada e um facão. Cerca de 30 agentes - 15 da PRF e 15 da CORE - participaram da ação.
"Por razões óbvias, eles procuravam não passar em frente ao posto da PRF e pegaram outra via. Tão logo esse comboio entrou na Rio-Santos, a gente fechou os dois acessos. Uma vez feita a abordagem eles já desembarcaram efetuando disparos. Um policial da CORE chegou a ser atingido, mas a bala ficou no colete. A partir daí, houve um pequeno confronto e o resultado são esses 12 milicianos que vieram a falecer", explicou o delegado Rodrigo Oliveira. "É uma ação delicada, que precisa ser muito precisa, até para que os transeuntes não sejam vitimados. A gente não busca o confronto. O confronto só ocorreu porque eles desembarcaram do veículo".
Publicidade
Itaguaí: município chave para a milícia
A cidade de Itaguaí convive há alguns anos com as milícias que atuam na extorsão dos moradores e comerciantes, mas também no tráfico de drogas - uma espécie de 'narcomilícia', como batizada pelo setor de inteligência da polícia. A população em crescimento, a localização próxima da Zona Oeste do Rio e a presença do porto são elementos que tornam o município objeto de desejo dos milicianos.
Publicidade
"Eles usam o Arco Metropolitano, o Porto de Itaguaí e as outras rodovias para se locomover pelo estado ou para estados vizinhos. Ações de inteligências nos dão informações suficientes para traçar nossas estratégias e conseguir êxito", explicou Rômulo Silva, da PRF.