Rio Fatiado - ARTE O DIA
Rio FatiadoARTE O DIA
Por Yuri Eiras
Rio - As recentes operações da Polícia Civil para dão a dimensão do poder das milícias: o Rio foi fatiado e boa parte está nas mãos de Wellington da Silva Braga, o Ecko. O miliciano mais procurado do estado instalou células em bairros e municípios da Região Metropolitana, cujo controle é deixado com seus braços direitos. Em Itaguaí, o líder da milícia e subordinado de Ecko era o ex-PM Carlos Carlos Eduardo Benevides Gomes, o Cabo Benê, morto em confronto com agentes da CORE e da Polícia Rodoviária Federal. Boa parte dos criminosos mais procurados pela polícia são do 'bonde do Ecko'.
"Já temos confirmações também de que milicianos estão fazendo células. A célula central, o líder, seria o Ecko. A célula de Itaguaí seria desse marginal que foi neutralizado ontem. A célula de Seropédica, Cabuçu e região rural de Nova Iguaçu, o Tandera. A célula de Jacarepaguá, Campinho e Praça Seca e o Macaquinho, que também tem origens no tráfico de drogas. Todos andam com forte aparato de segurança para enfrentar qualquer pessoa, rivais ou policiais", explicou Fábio Salvadoretti, delegado da Core.
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O alvo de uma operação da Polícia Civil em Nova Iguaçu nesta sexta-feira foi Danilo Dias Lima, o Tandera, líder da milícia na Baixada Fluminense, principalmente no KM 32, em Nova Iguaçu, e em Seropédica. Tandera tem perfil agregador e seus comandados são fiéis ao líder. O símbolo usado pelo grupo é o 'olho de Tandera', da série de animação 'Thundercats'. Criminosos do bando costumam utilizar o símbolo como identificação nas redes sociais.
Na noite de quarta-feira, uma operação da Civil resultou em cinco milicianos mortos no bairro KM 32. Moradores relataram um foguetório em homenagem aos criminosos que morreram no confronto. Em grupos de Whatsapp, milicianos também fizeram tributo, com trechos da Bíblia. "Vão fazer muita falta nossos irmãos. Baixada de luto. 'Sofremos a covardia, mas não cometemos ela'. Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé. Luto pelos meus irmãozinhos: JN, Pouca Perna, CL, Neném e Coreano".
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Outro que é aliado de Ecko é Edmilson Gomes Menezes, o Macaquinho, chefe da milícia que domina os bairros de Campinho e Praça Seca, entre as zonas Norte e Oeste do Rio. Macaquinho não faz parte da Liga da Justiça, mas, segundo a polícia, conta com o apoio de Ecko e de traficantes do Terceiro Comando Puro (TCP) para combater o Comando Vermelho (CV), rival em comum.
Macaquinho e Ecko tem trajetórias parecidas: ambos começaram no tráfico de drogas e pularam para a milícia. Ecko se tornou o principal líder da Liga da Justiça, a maior milícia do Rio, após a morte do irmão Carlos Alexandre Braga, o Carlinhos Três Pontes, em abril de 2017. Ecko transformou o perfil da milícia fluminense ao 'recrutar' tanto militares quanto traficantes, expandindo inclusive os negócios do grupo.