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Pandemia traz reflexões sobre futuro, sem planejamento e rotina

Momento atual mostra incertezas sobre o futuro e o controle do tempo, que sempre geraram fascínio

Por ANA CARLA GOMES
Desde que a pandemia começou, eu me peguei refletindo sobre a necessidade de pensarmos cada vez mais no presente. Assim como aconteceu quando minha mãe passou a guiar a nossa família de outro plano, em agosto do ano passado. Valorizar o “aqui e agora” é necessário. Mas uma foto de #tbt de uma grande amiga da faculdade, a Elaine, me fez refletir sobre o amanhã. Numa dessas quintas-feiras dedicadas a cliques nostálgicos nas redes sociais, ela postou uma imagem antiga de uma viagem. Fiz um comentário e ela respondeu em seguida: “Saudade de arrumar a mala e partir!”.
O que me levou a pensar justamente na expectativa que criamos para um compromisso, uma festa, uma viagem. Essa euforia dos preparativos sempre mexe com a gente, a ponto de acharmos que o pré-festa deve ser tão saboreado quanto a comemoração propriamente dita. Por menor e mais íntimo que seja o evento, só para os “mais chegados”, como se diz por aí, isso sempre gera uma contagem regressiva.
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A pandemia nos trouxe tanta incerteza do futuro que passamos a sentir falta de um pouco de planejamento e de rotina. De poder agendar as férias, de programar um voo, um churrasco, uma confraternização de fim de ano, um amigo oculto. De circular um dia no calendário com caneta para se programar previamente. De já começar a pensar que, ao fim do ano, estaremos todos reunidos discutindo se é melhor colocar uva passa no arroz ou não.
O futuro, na verdade, sempre, nos encantou. Como não se lembrar do samba-enredo ‘O Amanhã’, da União da Ilha do Governador, que marcou o Carnaval carioca de 1978 e depois foi cantado por Simone? “A cigana leu o meu destino/Eu sonhei/Bola de cristal, jogo de búzios, cartomante/Eu sempre perguntei/O que será o amanhã/Como vai ser o meu destino?”.
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São comuns, ao fim do ano, as matérias em que videntes fazem previsões sobre o ano que está por vir. Saber o que nos espera sempre nos despertou interesse. E a comprovação, na pandemia, de que o incerto está logo ali mexeu com todos nós. No Rio, temos até um museu que leva o nome do Amanhã. Em uma das exposições, a pergunta é lançada: “Para onde vamos?”. As telas fazem uma estimativa de como será o planeta e a vida no futuro, apostando na hiperconectividade e destacando a sustentabilidade.
Foi no mês passado que a série ‘Os Jetsons’ completou 58 anos e, vira e mexe, alguém faz um balanço das “previsões” acertadas do mundo tecnológico que aquela família já vivia. George e Jane nos antecipavam a videochamada.
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Outro dia, encontrei um amigo que me disse que o carro elétrico será uma realidade bem comum por aqui. Quando? Não sabemos. Ao fim disso tudo, só constatamos que o controle do tempo não nos pertence. Apesar de querermos, todos nós, tirar a sorte grande que o samba-enredo eternizou: “E o realejo diz/Que eu serei feliz, sempre feliz”.
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