Passageiros se queixaram do desaparecimento de linhas de ônibus  - Luciano Belford
Passageiros se queixaram do desaparecimento de linhas de ônibus Luciano Belford
Por Yuri Eiras
Rio - O sacolejo não é à toa: cariocas viajam todos os dias em ônibus cada vez mais velhos. A situação é apontada pelo próprio sindicato das empresas de ônibus da cidade, o Rio Ônibus. Até 2016, cerca de 1.250 novos veículos eram colocados nas ruas todos os anos pelas empresas. Nos últimos 12 meses, entretanto, apenas 236 foram adquiridos. O recorte durante a pandemia é ainda pior: praticamente nenhum ônibus novo foi colocado na rua no período. Quem paga o pato é a população, que se segura para não cair.
"A idade média da frota era de 3,22 anos em 2011. Agora, em setembro de 2020, a média mudou para seis anos cada ônibus. Dobrou pela necessidade, por conta da frota envelhecida", afirma Paulo Valente, porta-voz do Rio Ônibus. O argumento dos empresários é de que o congelamento das tarifas de ônibus e as gratuidades sem custeio dificultam a arrecadação. A crise foi acentuada com a queda em 45% no número de passageiros transportados, reflexo da pandemia.
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"As pessoas estão trabalhando de casa, pedindo comida, saindo menos. Apesa da economia toda praticamente funcionando, esse novo normal nos deixou com uma queda no número de passageiros. É uma redução na nossa arrecadação média, que caiu R$ 100 milhões no município do Rio", reclama Valente.
 
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Marcopolo fecha fábrica em Caxias e demite 800 funcionários
NITERÓI - Votam em assembleia nesta terça-feira os rodoviários das empresas Rio Ouro e Maravilha Auto Ônibus, e na quarta os da Auto Ônibus Asa Branca Gonçalense
NITERÓI - Votam em assembleia nesta terça-feira os rodoviários das empresas Rio Ouro e Maravilha Auto Ônibus, e na quarta os da Auto Ônibus Asa Branca GonçalenseREPRODUÇÃO/INTERNET
As demissões em massa também se tornaram realidade no setor de transportes do Rio.Esta semana, 800 funcionários perderam os postos de trabalho na fábrica da Marcopolo em Xerém, Duque de Caxias. A empresa é a maior fabricante de ônibus do país, e encerrou os trabalhos no estado do Rio "para otimização das operações, redução de custos, maior eficiência e produtividade", segundo nota.
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A realidade é dura para os trabalhadores. Nos últimos cinco anos, 17 empresas de ônibus fecharam as portas e 15 mil pessoas foram demitidas, segundo cálculos do sindicato. Em setembro, a viação Jabour, que atua na Zona Oeste, demitiu 260 funcionários; a viação Flores, na Baixada, outras 300.
"Eram 45 mil rodoviários há mais de cinco anos, hoje são 30 mil. Eram 47 empresas, são 30, sendo que quatro estão em recuperação judicial. Fora os empregos diretos extintos, como os motoristas, há os indiretos, como o pessoal da limpeza, segurança, fornecedores de peças. Vai virando esse caos urbano", analisa o porta-voz da Rio Ônibus, que sugere como solução um "fórum de debate com a Prefeitura e a socieade civil". "Esse momento do colapso está chegando".
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Secretaria de Transportes avalia alternativas
Rio de Janeiro - RJ  - 13/07/2020 - COVID 19 - Coronavirus no Rio - Movimentaçao nos onibus do BRT na manha de hoje  - na foto, onibus lotado -  Foto Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Rio de Janeiro - RJ - 13/07/2020 - COVID 19 - Coronavirus no Rio - Movimentaçao nos onibus do BRT na manha de hoje - na foto, onibus lotado - Foto Reginaldo Pimenta / Agencia O DiaReginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Procurada, a secretaria municipal de Transportes informou, via nota, que "a vida útil dos ônibus que operam no município varia de acordo com o tipo, sendo: 10 anos para microônibus; 12 anos para ônibus convencional sem ar-condicionado; 13 anos para o convencional com ar-condicionado e 14 anos para o tipo rodoviário (frescão). Cabe destacar que, atualmente, todos os coletivos cadastrados na SMTR estão circulando dentro da vida útil prevista, sendo a idade média dos ônibus cadastrados no sistema de 5,84 anos".

Sobre um possível debate para solucionar os problemas enfrentados pelas empresas, a pasta disse que "compreende que o setor de transportes foi seriamente afetado pela pandemia, não só no Rio como em outra grandes capitais, e está avaliando alternativas para minimizar os impactos, consultando diversos órgãos, inclusive, acompanhando a tramitação do projeto para eventual apoio ao setor por parte do governo federal Também é importante deixar claro que sempre manteve diálogo aberto com os consórcios, contribuindo para a manutenção dos serviços e para promover melhorias na operação do transporte público em prol do cidadão carioca".