Rio - 03/11/20 - Ato na porta e abraço ao Hospital de Bonsucesso.    Foto:Estefan Radovicz / Agência O Dia
      Byline - Estefan Radovicz / Agência O Dia
Rio - 03/11/20 - Ato na porta e abraço ao Hospital de Bonsucesso. Foto:Estefan Radovicz / Agência O Dia BylineEstefan Radovicz / Agência O Dia
Por O Dia
Foi com um abraço coletivo ao Hospital Federal de Bonsucesso, cartazes de “não à privatização do SUS” e “saúde não é mercadoria”, que médicos, enfermeiros e servidores da unidade de saúde realizaram uma manifestação nesta terça-feira na entrada principal da instituição. O ato, foi realizado um dia antes da abertura parcial do hospital. Segundo o Ministério da Saúde, os prédios 3, 4, 5 e 6, que não foram atingidos no incêndio que aconteceu há uma semana, reabrem nesta quarta-feira.

Os manifestantes temem o fim de parte dos atendimentos, com a suspensão temporária de algumas especialidades e a transferência de médicos e enfermeiros para outras unidades de saúde.

"Nosso medo é que ao serem realocadas em outras unidades, algumas especialidades dos centros cirúrgicos não voltem a serem oferecidos no Hospital Federal de Bonsucesso. Tememos que a obra demore meses, um ano ou mais e caia no esquecimento e a unidade não volte a realizar cirurgias, uma referência na região. A clínica cirúrgica do Bonsucesso tem todas as especialidades, se ela não retornar será um crime. Queremos uma garantia das autoridades responsáveis de que este serviço voltará para o hospital quando estiver pronto para o atendimento pleno", diz o diretor do Corpo Clínico da unidade, Júlio Noronha.

Durante a manifestação, uma viatura da Polícia Militar chegou com uma grávida passando mal e precisando de atendimento urgente. No entanto, o veículo não passou da porta, e os militares precisaram levar a mulher para outro local.

Cristiane Gerardo, diretora do Sindicato dos Trabalhadores Federais de Saúde, Trabalho e Previdência do Rio de Janeiro (Sindisprev-RJ), afirma que o receio é que o governo federal entregue o local à iniciativa privada.

"O maior medo é que aqui seja entregue para a iniciativa privada ou para uma Organização Social (OS) ficar com a direção. Sabemos que se isso acontecer haverá muitas demissões e será o fim de um trabalho que é referência no estado. Não podemos permitir que acabem com a rede federal no Rio de Janeiro, esta rede é muito valiosa para a população. O HFB é responsável pela maior rede de atenção especializada do estado Esse ato é a defesa do hospital. Pedimos a reabertura imediata do hospital com segurança para todos: funcionários e pacientes. A transferência de funcionários daqui para outros locais é um risco para o fechamento permanente".

Setores que voltarão funcionar

. Prédio 3: cuida dos doentes de transplantes renais, doenças autoimunes e problemas do fígado

. Prédio 4: setor administrativo

. Prédio 5: onde os exames são realizados

. Prédio 6: ambulatório

Em nota, o Ministério da Saúde confirmou a volta do funcionamento do HFB. "Terão continuidade as consultas ambulatoriais, sessões de quimioterapia, entrega de medicamentos oncológicos, realização de exames laboratoriais e retirada de resultados". E acrescentou ainda que doação de sangue, emergências, cirurgias, internações, hemodiálise e exames de imagens, que funcionavam no prédio que pegou fogo (1), "permanecem suspensos temporariamente até a conclusão dos reparos necessários".

O prédio 2 — onde funciona o Centro de Atenção à Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente — passará por avaliação técnica para o retorno dos atendimentos, segundo informações do Ministério da Saúde.


Reforma da unidade
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Segundo o Ministério da Saúde, a apuração dos fatos que levaram ao incêndio segue em andamento e em paralelo será feito o mapeamento dos problemas deixados pelo incidente. Além disso, a pasta informou que vai verificar junto à Superintendência Estadual no Rio de Janeiro e ao Hospital Federal de Bonsucesso a necessidade orçamentária extra para apoiar as soluções e obras para o restabelecimento pleno do prédio e estruturas afetadas.
Em nota, o Ministério da Saúde disse ainda que "não vai medir esforços para que a totalidade dos serviços voltem à normalidade o mais breve possível, considerando a necessidade de apoio à saúde dos pacientes e aos funcionários, obedecendo a rígidos critérios de segurança".