Comissão OAB Mulher repudia estupro 'sem dolo' no caso Mariana Ferrer
Em um vídeo divulgado nas redes sociais, é possível ver o advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho dizendo que 'as imagens no perfil da rede social de Mariana são ginecológicas'
Mariana Ferrer sendo levada pela mão por André de Camargo Aranha no dia do crimeReprodução
Por O Dia
Rio - A comissão da OAB Mulher repudiou, nesta terça-feira, a decisão do Ministério Público, que considerou que houve estupro culposo, 'quando não há a intenção de estuprar' no caso Mariana Ferrer. Nesta manhã, em um vídeo divulgado nas redes sociais, é possível ver o advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho, que atuou na defesa de André de Camargo Aranha [réu] no caso envolvendo a influencer, dizendo que "as imagens no perfil da rede social de Mariana são "ginecológicas", que "jamais teria uma filha do teu nível" e que "meu filho não encontre uma mulher como você”."
Em nota, a OAB recebeu a notícia da absolvição de Aranha com "profunda indignação". Cita ainda que "o patrono do réu teria optado pela utilização de conduta ofensiva e discriminatória para defender sua tese e os demais operadores do Direito presentes no momento, por sua vez, não teriam se manifestado acerca do ocorrido."
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"Além disso, as reportagens e postagens falam sobre a aplicação de tipos penais inexistentes no Direito Criminal brasileiro. Diante de tais relatos, não podemos deixar de nos pronunciar com profunda tristeza, e, principalmente, nos solidarizar com a vítima que acabou sendo revitimizada em sua busca por Justiça."
A nota diz ainda que "mulheres sofrem situações de violência diariamente e muitas vezes o rompimento do ciclo de violência e a denúncia de agressões se dá, dentre outros motivos, por situações como esta, que evidenciam a manutenção do machismo e a revitimização da mulher em nossa sociedade."
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Por diz, afirma que a ausência de justiça por Mariana Ferrer afeta não só a ela, mas a todas as mulheres do Brasil.
"O sistema Judiciário precisa zelar pelos direitos humanos, pela proteção da dignidade da pessoa humana e pela manutenção da Justiça, e não ser instrumento para a realização de novas violências. Além disso, como representantes da advocacia, precisamos garantir o exercício profissional baseado na ética."