Passageiros aguardam o trem na estação Gramacho - Reginaldo Pimenta / Agência O DIA
Passageiros aguardam o trem na estação GramachoReginaldo Pimenta / Agência O DIA
Por Luísa Bertola*
Rio - A SuperVia deu início às reduções na grade operacional de todos os ramais nesta quinta-feira. Segundo a concessionária, o objetivo é adequar a operação dos trens à atual demanda de clientes. A concessionária afirmou que transporta 40% menos clientes em relação ao que era observado antes da pandemia. No primeiro dia do novo esquema operacional, com o aumento dos intervalos, estações e trens ficaram ainda mais lotados, principalmente no ramal Gramacho.
Os passageiros reclamaram do serviço prestado pela concessionária desde antes das mudanças e relataram que as composições já vinham lotadas e que não é possível respeitar o distanciamento social contra o coronavírus.
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Morador de Jardim Primavera, em Duque de Caxias, Eduardo Ricardo, de 22 anos, reclamou da lotação e dos atrasos dos trens da SuperVia. Ele usa a composição todos os dias para ir e voltar do trabalho no Centro do Rio e contou que usa uma medida própria para medir o nível de lotação dos vagões: "Consigo me mexer ou não".

Segundo ele, nesta quinta-feira foi possível "se mexer" dentro do vagão, mas o trem estava bem cheio, e que ele tem percebido um fluxo maior de pessoas nas composições há umas semanas.

"Ainda consigo me mexer no trem, embora tenha atrasado bastante, eu não sei se fui eu que não entendi o novo horário ou foi a SuperVia cometendo mais um atraso", contou.

O jovem também falou da questão da pandemia do coronavírus, que não é possível manter o distanciamento durante a viagem e que muitas pessoas ficam sem máscara nos vagões.

"Tem se tornado cada dia mais 'normal' pessoas sem o uso da máscara, me preocupo pois moro com minha avó e ela está no grupo de risco", relatou ele.

Eduardo relatou que não há uma fiscalização da concessionária nas estações e nos trens para essas questões, há "guardas só na estação da Central".

Ele contou que mesmo antes da pandemia, "dentro das estações nunca teve", mas antes alguns fiscais estavam presentes nas estações. 
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Com o jovem José Basília também são as mesmas questões. Ele usa o transporte todos os dias para ir trabalhar, pega o trem na estação Saracuruna e faz baldeação em Gramacho para seguir para a estação da Central do Brasil.

"Nas estações finais, o trem não fica tão cheio, os fiscais até tiram fotos para mostrar, mas quando chega em Gramacho já está lotado", contou ele.

O jovem costuma pegar o trem às 6h50 na estação Saracuruna e com a mudança da concessionária, nesta quinta-feira, o trem chegou às 7h, com isso, José vai precisar sair mais cedo de casa para não se atrasar para o trabalho, em Bonsucesso, na Zona Norte do Rio.

"Já cheguei em Gramacho e estava cheio, já tinha gente em pé, sem lugar para sentar, grávida em pé. Todo mundo apertado"

Assim como Eduardo, José reclamou da população que embarca nos trens sem máscaras e não há fiscalização da concessionária. "O povo já passa na catraca, compra passagem, sem a máscara e ninguém faz nada". Ele ainda relatou que não vê uma higienização dos trens sendo feita de forma rigorosa.

"Quando a equipe da limpeza vem limpar, passar o álcool uma vez só e passa só por cima. Não é uma higienização direita", reclamou ele.
Na opinião do jovem, a concessionária poderia deixar o trem Saracuna direto para a Central do Brasil, como fizeram no começo da pandemia. "Eles fizeram isso no começo da pandemia e depois voltou com a baldeação em Gramacho e então os trens ficam cheios. Eles deveriam fazer isso e deixar a baldeação para o fim de semana".

José também alertou que os atrasos sempre aconteceram, mesmo antes da pandemia e principalmente no horário de pico da tarde. "Na volta, eu pego o trem de 17h, 17h25 e quando está quase chegando em Gramacho, o trem fica parado ali entre Gramacho e Corte Oito, fazendo com que os passageiros percam o trem das 18h".
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"Sempre estão fazendo manutenção e chega dia de semana não funciona, atrasa a vida do passageiro", lamentou José. 
Em nota, a SuperVia informou que  segue monitorando o movimento para adequar a operação à demanda, que caiu 40% em relação ao número de passageiros transportados antes da pandemia.
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Segundo a concessionária, a nova grade de horários, com ajuste em todos os ramais, manterá a taxa de ocupação das composições abaixo de 60%, limite máximo estipulado pelo estado e fiscalizado pela Agetransp e continuará cumprindo todos os decretos estaduais e a legislação vigente.
* Estagiária sob supervisão de Gustavo Ribeiro