Marielle Franco e seu motorista, Anderson, foram assassinados em 2018 - Câmara Municipal do Rio de Janeiro
Marielle Franco e seu motorista, Anderson, foram assassinados em 2018Câmara Municipal do Rio de Janeiro
Por O Dia
Rio - Um pescador contou ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) que, do barco dele, um homem jogou armas longas no mar da Barra da Tijuca em 14 de março de 2019. As informações são da GloboNews. Segundo a reportagem, o MPRJ afirma que esse o homem que atirou as armas é Josinaldo Lucas Freitas, o Djaca, um dos presos no Caso Marielle Franco e Anderson Gomes.
De acordo com a matéria, Djaca é apontado como cúmplice de Ronnie Lessa, o ex-policial acusado de ser o autor dos disparos contra a vereadora, e também suspeito de ter se desfeito da submetralhadora usada no crime.

Ainda segundo a reportagem, que teve acesso ao depoimento do barqueiro, ele disse para uma promotora que, no dia 14 de março, voltava de uma pescaria quando foi contratado por um homem que supostamente queria mergulhar.

O contratante, segundo as investigações é Djaca, embarcou com várias bolsas, caixas, malas. O barco seguiu até as Ilhas Tijucas, que fica em a uma distância de 1,8 quilometro do Quebra-Mar da Barra.

“No trajeto, ele começou a abrir lá e jogar as coisas fora. Fiquei até assustado", disse o pescador, aponta a matéria, que afirma que as "coisas", eram armas de grosso calibre e munição. "Fiquei com mais medo, tremendo. Aí falei: 'Ih, será que ele vai me matar?'", lembrou o pescador, segue o depoimento.

Ainda segundo a matéria, durante a audiência, o barqueiro, que se diz analfabeto, afirmou que as armas afundaram logo após terem sido jogadas. “Você vai ferrar minha vida, cara, você vai f*der minha vida, cara! Desculpe a expressão. Você vai f*der minha vida, cara", narrou o pescador no depoimento.

Segundo o barqueiro, Djaca respondeu: "Não vai pegar nada para você, não. Qualquer coisa eu assumo tudo". Dois dias antes, Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram presos pela polícia.


ARMAS AINDA NÃO FORAM LOCALIZADAS

Em uma escuta telefônica feita pela polícia com autorização da Justiça, Djaca confirma ter sido chamado “para fazer a limpeza” no apartamento de Lessa. Djaca foi preso no dia 3 de outubro de 2019, acusado de atrapalhar as investigações sobre o caso Marielle. Também foram alvos da Operação Submersus: a mulher de Ronnie Lessa, Elaine; o cunhado, Bruno Figueiredo; e o empresário José Márcio Mantovano, que foi flagrado ao sair de um endereço de Ronnie Lessa com uma caixa, apenas um dia depois que Lessa foi preso.

Segundo a reportagem, todos eles, que teriam ajudado a dar fim às armas, viraram réus por obstrução de Justiça.

A matéria afirma que até o momento, tanto a polícia quanto a Marinha e os bombeiros fizeram 28 buscas pelas armas jogadas no mar, mas nada foi encontrado. Na audiência, segundo a reportagem, o delegado Daniel Rosa lamentou o fato de as armas não terem sido encontradas. "Foi uma pena não ter encontrado essas armas. Certamente foram usadas em outros homicídios pelo bando de Ronnie Lessa. Foi uma pena não ter achado pra fazer o confronto balístico".

O processo está na fase de alegações finais. Os acusados estão presos e aguardam a sentença. Segundo a reportagem, a defesa de Josinaldo Lucas Freitas, o Djaca, afirmou que não há nenhum “fragmento de prova” contra ele e disse que espera a absolvição do réu. Já a defesa de José Marcio Mantovano afirmou que as acusações do Ministério Público são “infundadas” e que confia num julgamento justo. De acordo com a matéria, o advogado de Ronnie Lessa, Elaine Lessa e Bruno Figueiredo foi procurado pela reportagem, mas não quis se manifestar sobre as acusações.
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Em nota, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ) informou que o depoimento do pescador e de outras testemunhas confirmam o conjunto de provas constantes dos autos que tramitam na 19ª Vara Criminal. Já houve conclusão da audiência e o processo se encaminha para a fase de alegações finais das partes. Há nos autos provas robustas sobre a participação de cinco denunciados pelo crime de obstrução da Justiça que culminaram com o descarte de várias armas e peças ao mar, cuja instrução criminal com oitiva de testemunhas robusteceu ainda mais os fatos imputados. O GAECO/MPRJ espera a condenação de todos os denunciados.