Escola Municipal Soares Pereira foi uma das unidades de ensino fechadas. Diretor da unidade de ensino está internado com covid-19 - Reprodução/Google Street View
Escola Municipal Soares Pereira foi uma das unidades de ensino fechadas. Diretor da unidade de ensino está internado com covid-19Reprodução/Google Street View
Por Gabriel Sobreira
Rio - Com o retorno das aulas presenciais para estudantes das séries de terminalidade do Ensino Fundamental da rede municipal marcado para o próximo dia 17, cresce a preocupação de profissionais da educação com o aumento de casos de covid-19 em algumas unidades de ensino. Tanto que o vereador Reimont entrou, nesta quarta-feira, com uma ação popular com pedido de liminar de urgência para determinar a suspensão da reabertura das escolas municipais sem as devidas medidas de segurança exigidas pelas autoridades científicas. Aguarda-se a resposta do juiz.
“Nos últimos quatro dias foram 10 casos que a gente teve conhecimento. Achamos que deve ter muito mais, mas a Secretaria Municipal de Educação (SME) e as Coordenadorias Regionais da Educação (CRE) tentam abafá-los para não ter que fechar as escolas”, afirma Eduardo Mariani, diretor de imprensa do Sepe-RJ. Quatro escolas já foram fechadas.
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Procurada, a SME afirmou que não houve denúncia. "As unidades foram fechadas por detecção de profissionais com Covid-19. Foram seguidos os protocolos de saúde da Vigilância Sanitária. Assim que ciente da situação, a 2ª CRE tomou as providências necessárias já protocoladas pela Prefeitura do Rio. As unidades foram fechadas na última segunda-feira para higienização", diz a pasta em nota.
A SME salientou que só retornaram às escolas – para o trabalho de manutenção e conservação do espaço – diretores e funcionários que não têm comorbidades e, ainda assim, seguindo as regras de ouro.

“Desde que retornaram às unidades escolares, no dia 10/08, direção e setores administrativos atuam em sistema de rodízio de equipes. Caso algum destes funcionários teste positivo, a escola imediatamente fecha para higienização completa e reabre em 48h. Tanto o profissional infectado como a equipe que conviveu com ele ficam afastados durante o ciclo da doença e o outro grupo do rodízio segue cuidando da escola. Em uma situação excepcional, caso todos se contaminem, a Coordenadoria Regional de Educação (CRE) responsável pela unidade escolar providencia outros profissionais de Educação para administrarem temporariamente a escola”, diz em nota.
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QUATRO ESCOLAS FECHADAS
Segundo o sindicato, na terça-feira foi fechada a Escola Municipal Santo Tomás de Aquino (Leme). Nesta quarta-feira foram as escolas municipais Soares Pereira (Tijuca) e Araújo Porto Alegre (Usina). Nesta quinta-feira foi fechada a Escola Municipal Reverendo Martin Luther King (Estácio).
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“Temos o caso do diretor da Escola Municipal Soares Pereira, Sólon Santos, de 64 anos, com problemas cardíacos e mesmo assim voltou. Ele estava indo trabalhar presencialmente. Já não ia mais à escola desde o dia 3 deste mês. Provavelmente se infectou no dia 31 de outubro. O estado de saúde dele piorou na terça-feira, dia 10, quando foi direto para o CTI. Segundo a filha dele, Francisca, ele está estável, ainda em uso de antibióticos e apresenta melhora no estado clínico e laboratorial. Quantos mais precisarão ficar doentes para a SME e a Prefeitura entender a gravidade da pandemia?”, questiona Mariani.
“A SME não está respeitando seus próprios protocolos. O Sepe sempre defenderá a saúde e a vida dos profissionais da educação. É um contrassenso esse retorno presencial das escolas municipais por não apresentarem segurança sanitária. Profissionais da educação da rede municipal do RJ, não retornem ao trabalho presencial!”, defende o Sepe-RJ.
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LIMPEZA DEFICITÁRIA, DIZ SEPE
No quesito limpeza, segundo Mariani, algumas escolas da rede municipal têm deixado a desejar. "Desde maio, quando os contratos com empresas terceirizadas de limpeza foram cancelados em maio. Nesta quinta-feira, uma mãe viu a diretora da Escola Municipal Azevedo Sodré fazendo faxina porque está sem equipe de limpeza. A Prefeitura disponibilizou apenas um gari para cada escola. Isso é um absurdo. As escolas, às vezes, têm três andares e um gari só para limpar. Isso quando tem. Quando não tem, os profissionais de educação fazem o que podem”, afirma o diretor do Sepe-RJ.
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A Secretaria de Educação alega que a alegação do sindicato não condiz com a verdade. "A informação é falsa. Todas as unidades escolares possuem uma equipe de limpeza e todos os cuidados para a segurança dos alunos e funcionários estão sendo cumpridos. A 2ª CRE está tomando as providências para remanejamento e atendimento normal de limpeza da Escola Municipal Azevedo Sodré", esclarece a pasta.

"O risco (nas aulas presenciais) é enorme. Muitas salas de aula têm janelas que não abrem porque foram preparadas para utilização do ar condicionado. Os contratos com as empresas terceirizadas de limpeza foram cancelados em maio e não foram retomados ainda. Deveriam ter sido feitas obras estruturais nas escolas municipais para o retorno presencial dos alunos. Não há segurança sanitária”, insiste Mariani.
Segundo a SME, as afirmações do Sepe-RJ não se justificam. "As unidades possuem ambientes adequados para a retomada das aulas presenciais. Ao contrário do que o sindicato afirma, os contratos de limpeza não foram cancelados. E desde o dia 10 de agosto, com a reabertura das escolas para os setores administrativos a limpeza está sendo realizada normalmente", diz a secretaria.