Júlio Lopes - Reprodução
Júlio LopesReprodução
Por O Dia
Rio - Agentes da Polícia Federal cumpriram, na manhã desta segunda-feira, sete mandados de busca e apreensão contra suspeitos de participar de um esquema de pagamento de propinas na construção da Linha 4 do metrô do Rio. O principal alvo da ação foi Júlio Lopes, ex-deputado federal e ex-secretário de Transportes do estado. 
A operação Fim do Túnel tinha como objetivo de cumprir sete mandados de busca e apreensão na Zona Sul e Centro do Rio. As investigações consistiram em desdobramentos das Operações Tollypeutes, Fatura Exposta e Ponto Final, e tinha como finalidade apurar o esquema de pagamento de propina ao governo do Estado do Rio de Janeiro pela empresa responsável pela execução das obras da linha 4 do metrô do Rio de Janeiro, bem como por empresários do ramo rodoviário e setor da saúde.
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A linha 4 do metrô começou a ser construída em 2010 para os jogos Olímpicos de 2016 para conectar a estação General Osório, em Ipanema, ao Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca. 
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), entre 29 de junho de 2010 e 4 de novembro de 2014, por ao menos 18 vezes, o ex-secretário de Transportes, em razão de seu cargo, solicitou, aceitou promessa e recebeu vantagem indevida no valor de, ao menos, R$ 6.499.700,00, paga pela empreiteira Odebrecht, tendo praticado e se omitido em praticar atos de ofício, com infração de deveres funcionais, notadamente em relação à licitação, contratação e execução das obras de construção da Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro.

Na petição apresentada ao juízo da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, o MPF explica também que, entre 25 de julho de 2010 e março de 2015, por ao menos 55 vezes, o ex-secretário de Transportes, com auxílio de operador financeiro, de modo consciente e voluntário, em razão de seu cargo, solicitou, aceitou promessa e recebeu vantagem indevida no valor de, ao menos, R$ 7,6 milhões, paga pela Fetranspor, tendo praticado e se omitido em praticar atos de ofício, com infração de deveres funcionais, notadamente em relação ao ressarcimento dos valores do Bilhete Único para as empresas.

Por fim, também é investigado o fato do ex-secretário, por ocasião em que exercia o cargo de deputado federal, ter recebido, nos anos de 2016 e 2017, ao menos três parcelas de R$ 250 mil de um empresário da saúde, para exercer influência no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia.
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Em nota, a defesa de Júlio Lopes informou "expressar a sua perplexidade com a busca e apreensão, desnecessária e abusiva, realizada na data de hoje".
"Ao longo de quatro anos de investigações, Júlio Lopes sempre se colocou à disposição das autoridades para explicar qualquer fato. Júlio Lopes não praticou nenhum crime ao longo de sua gestão na Secretaria de Transportes e, não por outra razão, as afirmações caluniosas de delatores nunca foram levadas a sério. A esdrúxula medida, que versa sobre fatos requentados, sequer poderia ter sido decretada pelo juízo da Sétima Vara Federal do Rio de Janeiro, por ofender a competência da Justiça Eleitoral, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal", disse a defesa, em nota.