Assim que chegou ao Hospital Ronaldo Gazolla (foto) Dilma Miranda teve outra parada cardíaca 
 - Reprodução
Assim que chegou ao Hospital Ronaldo Gazolla (foto) Dilma Miranda teve outra parada cardíaca Reprodução
Por LUANA BENEDITO
Rio - A paciente Dilma Miranda, 61 anos, morreu na madrugada desta terça-feira durante o processo de transferência do Hospital do Andaraí para o Hospital Ronaldo Gazolla após esperar por 12 dias um leito de Unidade de Tratamento Intensiva (UTI) para a covid-19. A idosa chegou a ficar seis dias do seu período de internação em uma cadeira mesmo com os todos os sintomas compatíveis com a doença.
Walquíria Miranda , filha de dona Dilma, conta que a mãe deu entrada no Hospital do Andaraí, na Zona Norte do Rio, no dia 25 de novembro e no dia 26 foi feito o teste para a covid-19. O resultado positivo para a doença saiu no dia 30, a idosa saiu da poltrona em que estava e foi encaminhada para a enfermaria.
Publicidade
Neste dia, foi a última vez que mãe e filha se falaram. "Ela me falou: 'Wal pede para Deus me levar pois eu não aguento mais sentir dor e ficar sentada na cadeira'", recorda a analista de TI.

A ida para a enfermaria, no entanto, não era a solução para o caso de dona Dilma, segundo Walquíria. A idosa, que tinha dado entrada no Andaraí com problema vascular, estava apresentava falta de ar e precisou até de oxigênio para fazer para realizar um exame.
Diante da gravidade do caso de Dilma, a filha recorreu à Defensoria Pública para entrar na Justiça e garantir o acesso da mãe à UTI. Depois de três liminares, a família teve um parecer favorável e passou aguardar um leito em uma unidade de tratamento intensiva.
Publicidade
A transferência de Acari para o Hospital Ronaldo Gazolla, em Acari, também na Zona Norte, aconteceu na noite de ontem. No entanto, a filha afirma que não foi avisada sobre o procedimento pela unidade de saúde. "O hospital em nenhum momento me ligou. Fiquei sabendo que ela iria ser transferida por conhecidos que trabalham no hospital."
"Quando fiquei sabendo, imediatamente, fui para o hospital para acompanhar a transferência. Chegando lá... Minha mãe teve a primeira parada cardíaca dentro da ambulância, dentro do hospital. Eles viram que a gente estava lá e ficaram nervosos e a todo instante eles tentavam reanimá-la e mesmo assim saíram com ela neste estado e foram para o Ronaldo Gazolla", relata Walquíria.
Publicidade
A jovem e o irmão seguiram atrás da ambulância acompanhando a transferência. "Lá em Acari, eles ficaram 50 minutos com a minha mãe em uma sala, depois eles vieram nos contar que ela havia sofrido duas paradas cardíacas, uma no Andaraí e outra no Ronaldo Gazolla", completa a filha.
Walquíria diz que seu sentimento é de muita dor. "Sinto muita revolta e sofrimento. Ela teve o ciclo de vida dela, porém, sofreu muito nesses últimos dias", lamenta. "Ela era super alegre, disposta e independente. Vou sentir muita falta da amizade dela, nós éramos muito próximas", conclui. Dilma Miranda vai ser enterrada às 16h desta terça-feira no Cemitério de Irajá, na Zona Norte.
Publicidade
Procurada, o Hospital do Andaraí ainda não se pronunciou sobre o caso. Já a Secretaria Municipal de Saúde informou queDilma Miranda deu entrada no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla à 0h45, levada em ambulância avançada, proveniente do Hospital Federal do Andaraí. "Estava com quadro gravíssimo e extremamente instável, sendo relatado pelo médico que acompanhava a transferência que sofreu uma parada cardiorrespiratória dentro da ambulância, revertida pela equipe."
De acordo com a Saúde, a paciente foi recebida na sala do "Time de Resposta Rápida do Gazolla, onde foi feito todo o possível para estabilizar o quadro. Infelizmente, apesar de todos os recursos, a estabilização não foi possível e a Sra. Dilma sofreu uma segunda parada cardiorrespiratória, falecendo à 1h32desta terça-feira (08/11)".
Publicidade
"A direção do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla lamenta o falecimento da Sra. Dilma e está à disposição da família para mais esclarecimentos sobre o atendimento prestado na unidade", completou.