Familiares prestam depoimento na Delegacia de Homicídios na Baixada Fluminense. Na foto, Ana Lúcia da Silva Moreira, mãe da Rebeca - Luciano Belford / Agência O Dia
Familiares prestam depoimento na Delegacia de Homicídios na Baixada Fluminense. Na foto, Ana Lúcia da Silva Moreira, mãe da RebecaLuciano Belford / Agência O Dia
Por Aline Cavalcante
Rio - A família de Emily Victória Silva dos Santos, de 4 anos, e de Rebeca Beatriz Rodrigues dos Santos, 7 anos, mortas na última sexta-feira (4), estiveram na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) na tarde desta terça-feira para prestar depoimento. As duas primas foram vítimas de bala perdida, enquanto brincavam na porta de casa, na comunidade do Barro Vermelho, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Acompanhados do advogado da família, a mãe de Emily, Ana Lúcia da Silva Moreira, o pai e a avó de Rebeca, Maycon Douglas dos Santos e Lídia Moreira da Silva Santos reafirmaram que os tiros que mataram as meninas partiram da Polícia Militar.
Publicidade
"Só queremos justiça, que o culpado pague, seja quem for. Infelizmente foi um policial militar. Vi o carro da polícia atirando em direção a minha rua assim que desci do ônibus, e em seguida eles arrancaram. Quando cheguei no meu portão eu vi a minha sobrinha com um tiro na cabeça e minha neta caída no quintal. Quem socorreu a gente foi uma kombi de um rapaz que vende ovos e estava passando na hora. A polícia sequer prestou socorro", relatou Lídia.
Publicidade
Rodrigo Mondego, advogado da Comissão de Direitos Humanos da OAB, que está acompanhando a família foi categórico ao afirmar que diversas testemunhas viram os PMs no local e viram os agentes atirando.
"Confiamos no trabalho da Polícia Civil para descobrir quem de fato cometeu esse crime. Todas as testemunhas apontaram que os tiros partiram da viatura da Polícia Militar que estava na esquina, cerca de 50 metros das meninas. Descobrir quem foi o policial que atirou é o papel da Divisão de Homicídios e nós confiamos", disse o advogado. 
Publicidade
Segundo Mondego, uma testemunha em específico, que já prestou depoimento, teria visto o policial que atirou. "Ela não identifica o policial mas viu a posição que ele estava e descreveu como tudo aconteceu. É um depoimento chave. Temos outras testemunhas, a rua estava cheia no dia, era 20h da noite de uma sexta-feira de calor e tinha muita gente na rua".
Maycon Douglas dos Santos, pai de Rebeca, conta que chegou em casa e se deparou com sangue no chão e correu para a UPA de Sarapuí para ter notícias da filha. Maycon disse que foi abordado pela polícia de forma preconceituosa.
Publicidade
"Eu estava trabalhando e quando cheguei em casa vi o chão todo cheio de sangue. Aí fui pra UPA e quando cheguei lá vi minha única filha morta na maca. Um policial me perguntou se eu era pai dela e se eu tinha passagem pela polícia. Ele não se preocupou com a minha perda, a primeira pergunta que me fez foi essa. Me senti muito ofendido".
"O primeiro contato da família com o Estado foi do policial perguntando se o pai um homem trabalhador, era um criminoso. Ninguém perguntou se ele precisava de assistência, pelo simples fato dele ser um homem negro", completa o advogado.
Publicidade
Na saída da DHBF, Lídia Moreira disse que foi questionada por um policial se as meninas tinham algo na mão. "Eram duas meninas de 4 e 7 anos brincando na calçada de casa numa sexta-feira, oito horas da noite. Aí um policial me chamou no canto e me perguntou se as meninas estavam com algum pedaço de pau na mão".
Sobre o inquérito, o advogado Rodrigo Mondego, da Comissão de Direitos Humanos da OAB, disse que não foi passado nada e que ainda não sabe detalhes do laudo cadavérico.
Publicidade
Este foi o segundo dia em que parentes e testemunhas do caso prestaram depoimento. Nesta segunda-feira, Alexsandro dos Santos, pai de Emily, esteve na DH.