Marcelo Crivella e Rafael Alves - Reprodução / MP
Marcelo Crivella e Rafael AlvesReprodução / MP
Por LUANA BENEDITO
Rio - O prefeito afastado do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos), teria interferido no resultado do Carnaval de 2018 a pedido do Rafael Alves, segundo a denúncia do Ministério Público (MPRJ), que apura o suposto esquema de corrupção no Executivo do Município, conhecido como “QG da Propina” e ocasionou a prisão do político nesta terça-feira. Naquele ano, as escolas Grande Rio e Império Serrano foram rebaixadas, mas permaneceram no Grupo Especial.

Mesmo alheio à folia da Marquês de Sapucaí durante seu mandato, Crivella, de acordo com os promotores, por influência direta de Rafael Alves, escreveu uma carta endereçada à Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) em que manifestava textualmente que não se oporia a expedição de convite às duas agremiações, para que participassem do desfile do grupo especial do ano seguinte.


Além do prefeito, o documento foi assinado por Marcelo Alves, então presidente da Riotur e irmão de Rafael. “Importante ainda salientar o enorme serviço prestado pelas agremiações (…) ao Carnaval do Rio de Janeiro, seja com seus desfiles antológicos ou pelo fomento dos desfiles das escolas de samba como um todo. congregando enorme opinião pública positiva e trazendo para o evento patrocinadores de monta”, dizia um trecho da carta.

Segundo a denúncia, no dia seguinte Rafael se vangloriava de ter obtido a carta assinada por Crivella e trocou mensagens com Sérgio Mizrahy, doleiro que delatou o esquema ao MPRJ e que era diretor da Grande Rio. “[...] todos viram (sic) quem manda sou eu e ponto”, escreveu em uma das mensagens. “A caneta eh minha e não de A ou de B e sim só minha (sic)!!!”, disse em outra.

A repercussão do documento assinado pelo prefeito, no entanto, foi negativa. “Me fala politicamente, a matéria foi boa para o prefeito”, questionou Mizrahy em uma mensagem. “Não!!! A carta vazar foi péssimo e o combinado não era esse. Mas já está feito e vocês estão no especial e isso que importa”, respondeu Rafael.

Para o MPRJ, as mensagens são autoexplicativas e dispensam comentários. “Assim, inexiste dúvida que os reiterados pleitos de Rafael Alves, pessoa absolutamente estranha aos quadros da administração municipal, são prontamente atendidos por Marcelo Crivella, ainda que isso implique na revisão de atos legitimamente praticados por servidores municipais atuando na defesa do interesse público”, destacou o órgão em outro trecho da denúncia.