O corpo da Juíza Viviane Arronenzi foi cremado neste sábado no Cemitério da Penitência, no Caju. Na foto, Renata Gil, Presidente da Assossiação dos Magistrados do Brasil. - Estefan Radovicz / Agencia O Dia
O corpo da Juíza Viviane Arronenzi foi cremado neste sábado no Cemitério da Penitência, no Caju. Na foto, Renata Gil, Presidente da Assossiação dos Magistrados do Brasil.Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Por LUANA BENEDITO
Rio - A presidente da Associação dos Magistrados do Brasil (AMB), Renata Gil, esteve na cerimônia de cremação da juíza Viviane Arronenzi, 45 anos, morta pelo ex-marido Paulo Arronenzi, 52 anos, no Cemitério da Penitência, Caju, Zona Norte do Rio, na manhã deste sábado. Para Renata, o crime, que aconteceu na véspera do Natal em frente as três filhas do casal, choca pelos requintes de crueldade. A magistrada também classificou a colega como "profissional exemplar".


"A notícia foi devastadora", declarou a presidente da AMB. "Para nós foi muito difícil e como mulher, é uma juíza que tem a minha idade. Uma pessoa discreta, dedicada ao trabalho e que foi surpreendida por mais um ato de violência contra mulher", completou Renata, que veio de Brasília para o cerimonial.

O corpo da juíza foi cremado sob forte emoção em cerimônia reservada aos familiares e amigos da magistrada. Aproximadamente 100 pessoas estiveram no local.

Instituições como Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), Supremo Tribunal Federal (STF), Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Associação dos Magistrados do Estado do Rio (Amaerj) e Associação dos Magistrados do Brasileiros (AMB) enviaram coroas de flores ao cerimonial.

"Viviane era uma magistrada bastante atuante e muito respeitada pelo nosso tribunal. Uma profissional exemplar e muito discreta", recordou a presidente da AMB.

Renata, que atua no combate a violência a mulher, falou sobre a dificuldade em lidar com o feminicídio de uma colega.
"Quando isso acontece dentro da nossa casa, a gente fica absolutamente sem chão. Nós tivemos que ser fortes para dar aporte a família."

A presidente da AMB reforçou a importância de medidas para combater o feminicídio no Brasil. "É muito importante que a gente faça um trabalho de conscientização das mulheres, que elas tenham coragem, saibam os lugares adequados para fazer essas denúncias e que elas entendam que pequenos gestos, pequenas ameaças, intimidações e agressões podem chegar a um ato violento que pode acabar com a vida delas."

Viviane tinha feito um registro de ameaça e lesão corporal contra o ex-marido em setembro deste ano. Na época, ela chegou a ter escolta policial concedida pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), mas logo pediu a suspensão.

Sobre retirada da escolta da juíza, Renata avaliou que é comum em muitos casos de violência contra a mulher. "Isso é muito comum nesses relacionamentos abusivos em que há filhos na relação, porque a mulher tem que proteger a família, os filhos, pensando em não romper com essa relação entre filhos e pai, que é uma situação muito complexa, que pode gerar até uma inconsistência em relação a avaliação."

"A mulher que vive essa violência, às vezes, ela também tá contaminada nessa relação e não tem o discernimento correto pra avaliar que ela está em risco e abre muitas vezes mão da proteção como foi o caso da juíza", concluiu.