A Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro foi a região onde mais houve tiroteios no entorno de unidades de saúde
 - Fogo Cruzado / Divulgação
A Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro foi a região onde mais houve tiroteios no entorno de unidades de saúde Fogo Cruzado / Divulgação
Por O Dia
Rio - Nem mesmo durante a pandemia da covid-19 a população do Grande Rio consegue receber atendimento médico em segurança. Em 2020, a plataforma Fogo Cruzado registrou 1.556 tiroteios no entorno de unidades de saúde da Região Metropolitana: ao todo, 1.742 unidades - públicas e privadas - foram afetadas. Nessas situações, 569 pessoas foram baleadas, destas 275 morreram.
A Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro foi a região onde mais houve tiroteios no entorno de unidades de saúde: foram 394; seguida da Zona Oeste (393), a Baixada Fluminense (328) e o Leste Metropolitano (312). A Zona Sul e o Centro do Rio foram as regiões onde houve menos tiroteios perto de unidades de saúde (77 e 52, respectivamente).
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Apesar da redução de 33% nos registros de 2019 para 2020, a incidência de tiroteios no entorno de unidades de saúde na capital fluminense continua alta e o Rio segue liderando as estatísticas entre os municípios com mais registros: 916. A lista continua com São Gonçalo (192), Niterói (112) e Duque de Caxias (86).
O trabalho dos profissionais de saúde no Rio de Janeiro acontece dentro de uma realidade de constantes tiroteios. Somente perto da Clínica da Família Wilson Mello Santos Zico, na Vila Kennedy, Zona Oeste do Rio, foram 243 tiroteios este ano. A unidade de saúde foi a que mais teve tiros em seu entorno desde que o Fogo Cruzado começou a fazer o levantamento sobre tiroteios no entorno de unidades de saúde do Grande Rio, em 2017.
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O Centro Municipal de Saúde Figueiredo Filho, no Morro do Borel, na Tijuca, Zona Norte do Rio, foi o segundo mais prejudicado, com 50 tiros em seu entorno e, em terceiro lugar ficou o Posto Municipal de Saúde Adolfo Lutz, no Amendoeira, em São Gonçalo, com 34 tiroteios.
Mortes de crianças e adolescentes 
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Somente no ano passado, segundo Relatório Anual do Fogo Cruzado, 22 crianças foram baleadas na Região Metropolitana do Rio - 8 delas não resistiram e morreram. Entre os adolescentes, 40 foram atingidos e 18 morreram. 
Na média, quase duas crianças são atingidas por mês. Mesmo alarmante, o número de vítimas foi 8% menor que o registrado em 2019, quando 24 crianças foram baleadas. Já no número de mortos, houve aumento: foram sete em 2019, contra oito em 2020.
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Entre as vítimas baleadas, está Adrelany Pacheco de Lima, de 3 anos de idade. O que poderia ser um dia normal na vida da menina, se transformou em um pesadelo, no dia 2 de abril de 2020, quando ela voltava para casa com a mãe. As duas estavam na Rua Carvalho de Araújo, no bairro Raul Veiga, em São Gonçalo, quando ficaram no meio de um tiroteio durante uma operação policial.
A menina foi atingida por uma bala perdida, foi socorrida e sobreviveu. Com apenas 3 anos de idade, Adrelany entrou em um “ranking” que nunca deveria ter feito parte: ela é uma das vítimas mais jovens baleadas em 2020.
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Além de números nas estatísticas, cada caso tem uma história por trás. Como a de uma menina, com 3 anos de idade, atingida por bala perdida enquanto brincava. Parece a mesma história, mas não é. Era noite de 14 de setembro e a criança brincava na porta de casa, em Santa Cruz da Serra, Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
A menina, que não teve o nome revelado, foi atingida no tórax e levada para o Hospital Adão Pereira Nunes, também em Caxias, onde foi socorrida e sobreviveu.
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"Ela teve duas fraturas na coluna e tem um pouquinho de sangue no pulmão que devem drenar, mas ela está estável e fora de risco (...) Na hora que ela levou um tiro foi uma correria, eu ainda tentei proteger a minha filha, abracei ela, mas ela se feriu. Ninguém espera que isso vá acontecer com um filho. Mãe nenhuma espera”, contou a mãe da menina, que também não quis se identificar.