Plínio Leandro, de 28 anos, foi confundido por veículos de comunicação como traficante - Arquivo Pessoal
Plínio Leandro, de 28 anos, foi confundido por veículos de comunicação como traficanteArquivo Pessoal
Por Thalita Queiroz*
Rio - O motorista de aplicativo Plínio Leandro Oliveira, de 28 anos, detido por desacato a autoridade durante uma ação da Polícia Civil na última sexta-feira (15), está tendo sua imagem associada a de uma traficante. A imagem do rapaz algemado, chegando na Cidade da Polícia, na Zona Norte do Rio, no começo da manhã daquele dia, foi transmitida em canais de TV para mostrar o que estava acontecendo na região durante a operação da Polícia Civil e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) na comunidade do Fallet-Fogueteiro, no Rio Comprido, também Zona Norte.
O motorista havia sido levado para a delegacia por desacato e à equipe de policiais que, durante a operação na região, começou a revistar alguns carros. Leandro explica que ele não estava sendo levado por ser criminoso, mas sim por ter gritado com um policial.
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"Era por volta das 5h, eu estava em casa dormindo quando fui acordado aos gritos pela minha família falando que meu carro estava sendo invadido. Até então, a gente não estava sabendo de muita coisa, eu havia escutado um tiroteio e já tinha relacionado isso com alguma operação aqui na comunidade, então nem saí para trabalhar de madrugada. Assim que eu saí de casa vi o vidro do meu carro todo aberto e pensei que os policiais haviam quebrado o vidro todo", conta o rapaz, que reconhece que errou ao falar de forma ríspida com os agentes de segurança. 
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Plínio Leandro foi conduzido então até a 18ª DP (Praça da Bandeira) para assinar um termo de desacato, no entanto, quando ele chegou até a Cidade da Polícia, as câmeras de algumas emissoras apontaram o motorista como um dos traficantes do Comando Vermelho (CV), facção que domina a região em operação.
Ao saber do erro, o motorista ficou desesperado e com medo de perder sua fonte de renda. "Eu trabalho como Uber, já pensou algum passageiro meu reconhecer minha foto e achar que eu sou o criminoso que a televisão apontou?", indagou ele em entrevista ao DIA. Amigos e familiares do rapaz iniciaram então uma corrente nas redes sociais para contar a verdade por traz das imagens.
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"Eu não tenho nenhuma ligação com o crime, tanto que eu fui muito bem recebido pelos policiais na delegacia, assinei o termo e sai de cabeça erguida pela porta da frente. Nesse momento, nenhuma câmera apontou para mim", se revolta o motorista que não para de receber ligações de parentes de outros estados questionando o que ele estava fazendo na televisão, sendo apontado como criminoso.
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Medo de perder a única fonte de renda
Pai de um menino de 4 anos e com família para sustentar, Leandro teme que sua imagem fique associada a de um criminoso. A mãe do seu filho mora em uma outra comunidade, com domínio de outra facção, rival aquela que ele foi associado. Esse fato gera medo para o motorista. "Como afirmaram que eu era do CV, nem sei se vou poder ir lá visitar meu filho, tenho medo que façam alguma coisa comigo", desabafa o pai de família. 
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Leandro completa ainda: "Eu sou um rapaz brincalhão, tenho muitos amigos, não tenho e nunca tive envolvimento com nada. As pessoas julgam muito sem saber o fato real do que está acontecendo", diz Leandro que já adiantou que não poderá ir trabalhar durante o dia pois ainda está com receio de ser reconhecido de forma indevida.
O DIA questionou a Polícia Civil, na própria sexta-feira, o motivo de Plínio Leandro ter sido algemado e levado para a delegacia. Em nota, nesta segunda-feira (18), a 18ª DP confirmou que um homem foi autuado em flagrante por desacato e resistência. Ele foi liberado no mesmo dia e o caso encaminhado ao Juizado Especial Criminal (Jecrim).
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*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes