Secretário municipal de educação, Renan Ferreirinha, ainda não confirmou data do retorno às aulas presenciais - Luciano Belford/Agencia O Dia
Secretário municipal de educação, Renan Ferreirinha, ainda não confirmou data do retorno às aulas presenciaisLuciano Belford/Agencia O Dia
Por HUGO PERRUSO
Com a definição do início do ano letivo na rede municipal em 8 de fevereiro, a expectativa fica por conta de quando as aulas presenciais serão liberadas. Por enquanto, o secretário municipal da Educação, Renan Ferreirinha, não confirma a data e aguarda o lançamento do protocolo sanitário junto à Secretaria de Saúde e ao Comitê Especial de Enfrentamento da covid-19. Em rápida entrevista a O DIA ele ressalta que o ensino remoto será essencial em 2021, assim como considera a infraestrutura das 1.543 escolas como um dos maiores desafios para implementar as medidas para o retorno à salas.
O DIA: Desde que assumiu o senhor tem participado de muitas reuniões com professores, coordenadores regionais e educadores. Já deu para fazer um diagnóstico de como está a pasta e o que é preciso fazer?
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Renan Ferreirinha: Temos feito diversas escutas com a comunidade escolar e também reuniões internas para que possamos organizar melhor a estrutura do núcleo central e das diferentes organizações que fazem parte da Secretaria Municipal de Educação (SME). O que temos percebido é que a SME tem práticas interessantes nas salas de aula e situações que precisam de foco maior. O que queremos fazer é dar visibilidade e mais amplitude para as boas práticas que tenham foco essencial na aprendizagem dos nossos alunos. Esse é o principal objetivo da nossa gestão: qualidade e aprendizagem. Não basta nossos alunos e nossas alunas irem à escola. Eles têm que aprender. É uma mudança de paradigma muito importante. Por muito tempo trabalhamos para garantir o acesso à escola. Isso precisa continuar acontecendo, mas não basta.
Já trabalham com alguma data para o retorno presencial às aulas? Há chance de alguns alunos já estarem em sala no dia 8?
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Estamos trabalhando junto à Secretaria de Saúde num plano que é tanto para a modalidade remota, que é crucial e precisa estar funcionando bem, quanto presencial, que só será avançada com a ciência ao nosso lado chancelando. Primeiro estamos definindo como as escolas serão organizadas, a distância da carteira, refeitório... Para depois definir quando. Hoje não há essa definição, mas é a pauta de maior urgência. Dia 8 de fevereiro começa o ano letivo. Não posso dizer que haverá presencial, mas o remoto estará funcionando e trabalharemos ao máximo para que nesse curto espaço de tempo tenha a melhor qualidade possível. Vamos fazer várias implementações porque a verdade é que o remoto foi aquém no mundo todo.
Já há ideia de como será a divisão de alunos, se haverá rodízio na sala de aula com alguns em casa? Quantas pessoas por sala?
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Tudo isso será fruto do plano de volta às aulas, que estamos debatendo. Mas tudo estamos considerando e fazendo análise de casos internacionais e nacionais. Sabemos a diferença do retorno das aulas para a Nova Zelândia, Israel, África do Sul, Angola, para termos como comparativo.
A infraestrutura das escolas é o maior problema para o protocolo sanitário?
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Um dos maiores desafios é a questão da infraestrutura. Temos feito levantamento das 1543 unidades, porque queremos ter as características e condições de cada uma delas. Isso precisa ser entendido de maneira muito clara: um dia nós voltaremos às salas de aula e precisamos resolver esses problemas de infraestrutura.
A secretaria sabe quantos alunos ficaram sem aula remota?
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Temos o levantamento que a gestão anterior produziu, de que 12% dos nossos estudantes não participaram de nenhuma atividade remota desde que as escolas foram fechadas. Só que esse número esconde um problema maior. Na verdade, é muito mais do que isso quando se fala na qualidade da interação. Para esses 12%, nada chegou. Mas tem o aluno que fez o login, mas não ouvia as aulas ou participou uma vez só em nove meses. Então, essa estatística é um pouco maior. Já encomendei uma análise mais profunda que entenda de fato o que aconteceu. Não posso dizer se haverá.
Esses alunos conseguirão ter aula a partir de 8 de fevereiro?
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O que queremos garantir é que exista um plano para todos os nossos alunos. Se não consegue ter acesso online, que de alguma maneira o material complementar chegue até ele. Isso está sendo feito de maneira integrada com a infraestrutura. Não podemos falhar com ninguém. Não quer dizer que todos terão as mesmas ferramentas e recursos, mas queremos que a maioria tenha acesso a tudo que possa ser oferecido. Infelizmente, há áreas na nossa cidade que o sinal de internet não pega e é preciso uma política pública educacional adaptada, com execução diferente.
Em relação ao projeto Conect@dos, com distribuição de tablet e internet para os alunos, já tem previsão de quando começa a distribuição? Qual a importância dele para 2021?
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A modalidade remota será essencial para esse ano e ainda estamos no processo interno para entender o que vai ser necessário fazer na prática. Tudo isso é um processo de campo e o Conect@dos faz parte desse início do ano letivo, com muita importância, mas será feito em fases.

O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio (Sepe) pede que professores sejam incluídos entre a prioridade da vacinação. Isso é possível?
Valorizamos muito diálogo e nossa gestão será baseado nele. Há campanhas nacionais que colocam a educação com prioridade da vacina. A questão da ordem de vacinação parte do Ministério da Saúde. Deve haver uma conscientização para que as pessoas façam campanha para que a educação seja priorizada. Isso precisa ser definido a nível nacional. Tem que ser diretamente relacionada à Saúde, que tem guiado com maestria aqui no Rio.