Há três semanas, refeição oferecida na UPA de Magalhães Bastos tem apenas ovo cozido, arroz e feijão - REPRODUÇÃO TWITTER
Há três semanas, refeição oferecida na UPA de Magalhães Bastos tem apenas ovo cozido, arroz e feijãoREPRODUÇÃO TWITTER
Por Yuri Eiras
Rio - 'Profissionais de saúde do mundo todo são tratados como heróis, e aqui a gente fica sem direito à refeição'. A frase é de um enfermeiro que trabalha em um hospital municipal do Rio que está há mais de duas semanas sem oferecer alimentação aos funcionários. Trabalhadores de UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e outras unidades de saúde relatam que a qualidade das refeições está precária há semanas. Em algumas, até o ovo é contado: um para cada. Em outras, já não há mais o fornecimento de comida.
"Trabalho de 19h às 7h, no plantão noturno, e teria direito ao jantar e ao café da manhã. Já há 15 dias estamos sem as refeições. Por eu ter duas matrículas, eu tenho uma condição financeira de pedir lanche por aplicativo, mas mesmo assim fica pesado", comentou um funcionário do Hospital Municipal Barata Ribeiro, na Mangueira.
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"E não há retorno da direção. O que ficamos sabendo é que a empresa que fornecia as refeições encerrou a licitação e não houve a abertura de outra. Nós, profissionais de linha de frente da pandemia, não temos sequer refeição digna. O mundo trata os profissionais de saúde como heróis, e aqui não temos direito à refeições", completou.
Em outras unidades, o relato é de que a qualidade das refeições caiu drasticamente. No Hospital Maternidade Carmela Dutra, no Méier, funcionários afirmam que antes o almoço era arroz, feijão, proteína e salada, além de refresco e sobremesa. Agora, a salada não é mais oferecida, e no dia que tem refresco não há sobremesa. "A comida ainda é servida, mas a qualidade das refeições caiu de forma notória. Isso é um desrespeito para qualquer profissional, mas nesse momento, em plena pandemia", disse um profissional. Na UPA de Magalhães Bastos, na Zona Oeste, há três semanas seguidas o almoço servido é arroz, feijão e ovo cozido. 
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Há três semanas, refeição oferecida na UPA de Magalhães Bastos tem apenas ovo cozido, arroz e feijão - REPRODUÇÃO TWITTER
Há três semanas, refeição oferecida na UPA de Magalhães Bastos tem apenas ovo cozido, arroz e feijãoREPRODUÇÃO TWITTER
O vereador Paulo Pinheiro (PSOL) enviou um requerimento à Prefeitura pedindo uma resposta. O parlamentar responsabiliza a gestão anterior, do ex-prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), pelo desleixo com o orçamento público, o que teria culminado no não pagamento aos fornecedores.
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"Como tudo no governo anterior, o dinheiro foi acabando e pararam de pagar. Essas empresas, em determinado ponto, não aguentam mais fornecer. Desde novembro do ano passado, a situação foi ficando triste. Recebi a informação de que o Hospital Maternidade Fernando Magalhães, em São Cristóvão, e o Hospital Municipal Barata Ribeiro, na Mangueira, além de outras maternidades, estavam sem receber alimentação para os funcionários. O problema é muito grave", explicou o vereador.
"Esses trabalhadores fazem turnos de 12h, 14h. O profissional tem direito a café, almoço, lanche, jantar. Sem pagamento, essas empresas pioram drasticamente a qualidade da alimentação. O café da manhã vira apenas um pão com manteiga. A refeição é sopa, ou macarrão com salsicha. Começam a piorar o serviço", exemplificou Pinheiro.
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Procurada, a SMS informou que encontrou "vários contratos com pagamentos atrasados". Confira a íntegra: 
"Infelizmente, a nova gestão da Secretaria Municipal de Saúde encontrou vários contratos de prestação de serviço com meses de pagamentos atrasados e falta de recursos em caixa para honrar com todas as dívidas deixadas pelo governo Crivella. Um rigoroso levantamento foi feito para identificar o montante dos valores devidos e fazer os processos administrativos determinados pela legislação para poder quitá-los o quanto antes."