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Os noivos com All Star e a roqueira Pitty no Municipal revelam a beleza de cada universo particular

"Essa canção, aliás, também brilhou no Municipal, com direito a coro: "O importante é ser você/Mesmo que seja estranho/Seja você". Sejamos nós, simplesmente únicos"

Por ANA CARLA GOMES
Uma roqueira tatuada, num longo vestido vermelho decotado e, nos pés, botas pretas marcantes. Assim a cantora Pitty surgiu deslumbrante no palco do centenário Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em dezembro de 2019, para um concerto. Ao seu lado, o maestro Felipe Prazeres, de terno e um moderno par de tênis, com a baqueta em mãos para comandar a Orquestra Petrobras Sinfônica.
A cena segue viva na minha memória, mais de um ano depois. Na música, o erudito mostrava-se generoso para receber o rock. Na roupa, o clássico revelava-se maleável para aceitar a personalidade de cada um. Fora de rótulos engessados, mundos diferentes conseguiram conviver juntos. Sob a regência de Felipe Prazeres, também ouvi a orquestra tocando Michael Jackson, no 'Thriller Sinfônico', na Sala Cecília Meireles.
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Como bem canta Pitty em 'Equalize': "Eu acho que eu gosto mesmo de você/Bem do jeito que você é". E também foi assim, numa demonstração de personalidade, que a foto do casamento da publicitária Fernanda Mayoral, lá na Austrália, me chamou a atenção no Instagram. Ela de branco e o noivo também em tons claros. E, nos pés, a sintonia do All Star na cor azul marinho. Os versos de Nando Reis na canção que relembra o icônico calçado surgem, então, como a aliança perfeita para o casal: "Estranho seria se eu não me apaixonasse por você...".
Fugir do óbvio é realmente algo mágico na vida. Não se trata de desrespeitar a tradição, rasgar a etiqueta nem transgredir os códigos tão importantes para algumas pessoas. As cerimônias tradicionais são lindas. Mas também poderia ter sido um "sim" com churrasco e samba, como nos tempos em que aglomerávamos. Ou um jantar para a família. De acordo com cada universo.
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No entanto, em várias áreas da vida, crescemos nos apegando a regras do melhor a ser feito. Em busca de aprovação, de curtidas e de comentários elogiosos. Quando, na verdade, nenhum deles, de fato, nos dará a sensação de alegria verdadeira, de termos feito do jeito que realmente gostaríamos.
Por que, em algum momento, ficamos em dúvida em marcar a nossa personalidade num simples detalhe? Por que vivemos numa corda bamba em mostrar nossa posição sem sermos desrespeitosos nem desrespeitados? Por que não aceitar a beleza de convivermos com uma infinidade de universos particulares?
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E aí volto à linda roqueira Pitty, de longo vermelho e botas pretas no Municipal, que há tempos já cantava 'Máscara'. Não a que usamos como escudo contra o nosso inimigo invisível. Mas a que, por vezes, nos blinda: "Diga quem você é, me diga/Me fale sobre a sua estrada/Me conte sobre a sua vida/Tira a máscara que cobre o seu rosto/Se mostre e eu descubro se eu gosto/Do seu verdadeiro jeito de ser". Essa canção, aliás, também brilhou no Municipal, com direito a coro: "O importante é ser você/Mesmo que seja estranho/Seja você". Sejamos nós, simplesmente únicos.
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