após ser esfaqueado ,Alexandre Jorge Monteiro de Souza conseguiu dirigir até o Hospital Federal de Bonsucesso, onde estacionou o carro em frente à unidade, mas não recebeu socorro  - Arquivo Pessoal
após ser esfaqueado ,Alexandre Jorge Monteiro de Souza conseguiu dirigir até o Hospital Federal de Bonsucesso, onde estacionou o carro em frente à unidade, mas não recebeu socorro Arquivo Pessoal
Por O Dia
Rio - Familiares do motorista de aplicativo Alexandre Jorge Monteiro de Souza, de 40 anos, morto a facadas na madrugada desta terça-feira, acusam o Hospital Federal de Bonsucesso de não prestar o devido socorro a ele. Imagens das câmeras de segurança de um estabelecimento localizado em frente ao hospital mostram o exato momento em que ele estaciona no local. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga o caso.
De acordo com a esposa de Alexandre, Samila Souza, funcionários do hospital teriam negado o atendimento, já que a emergência da unidade está fechada. "Acho que foi negligência do hospital. Será que se chegar alguém aqui pra ser atendido agora, não terá nenhum médico? Ninguém veio se pronunciar, nem mesmo olhar o que aconteceu", indignou-se.
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O vídeo mostrou uma viatura da Polícia Militar parando do outro lado da rua, quase uma hora depois do veículo da vítima encostar no portão do hospital. Os agentes saíram do carro para lanchar e só perceberam que havia um corpo dentro do carro em frente ao hospital após pessoas que estavam lá dentro chamarem eles.
Samila contou que estranhou a demora do marido para ir buscá-la no trabalho e que conseguiu localizar o marido graças ao GPS instalado no veículo.
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"Ele não se comunicava comigo há um certo tempo, aí acabei resolvendo ir ver até onde o GPS estava indicando. Fui caminhando na rua e avistei o carro parado e fui correndo. Pensei que ele tinha passado mal, mas quando cheguei perto, vi familiares dele perto do carro e perguntei o que estava acontecendo. Ele já estava morto, parado na frente do hospital, que tinha uma placa imensa dizendo que não tinha emergência. Mas mesmo que não tivesse emergência, existem médicos aqui dentro, então por que não teve socorro? Os seguranças preferiram acionar uma patrulha da polícia a chamar um médico ou enfermeiro para prestar um primeiro atendimento. Tem relatos de que ele chegou aqui com vida e poderia ter sido salvo, e ninguém fez nada", disse a técnica de enfermagem.
Alexandre trabalhava como Uber há dois anos e, segundo a esposa, era muito conhecido na região onde foi encontrado morto. "Ele foi taxista durante muito tempo. Ele parava justamente aqui porque tinha movimentação a noite toda, mas aparentemente o crime aconteceu em Ramos. Ele conseguiu dirigir de Ramos até aqui".
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Samila também falou que o marido estava com dinheiro em espécie e nenhum pertence foi levado. "A única coisa que a gente notou de diferente é que o celular dele estava no banco de trás. Provavelmente a pessoa tentou puxar e ele jogou dentro do carro".
A mulher do motorista também relatou que a facada no abdômen foi do lado esquerdo e por isso há suspeitas de que ele estava fora do carro. "Se fosse do lado direito poderia ser alguém entrando ou um passageiro atrás porque ele não costumava deixar nenhum passageiro sentar do lado dele, mesmo antes da pandemia. Não tem outra explicação".

O pai de Alexandre, Lourival Monteiro Souza, disse que o filho estava muito ferido e que morreu dentro do carro por não ter tido forças para sair do veículo. "Ele só deixou o carro todo ligado e só conseguiu puxar o freio de mão".

Segundo a esposa, ele era homem trabalhador e um bom pai para os filhos. "Uma pessoa alegre, que quando tinha vontade de fazer algo, fazia na hora. Não tinha tempo ruim. Ele era bem forte e tinha muitos sonhos, mas agora acabou", lamentou em meio às lágrimas. Alexandre deixa dois filhos, um de 14 e outro de 17 anos. 
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Procurada pela reportagem do DIA, a assessoria do hospital lamentou a morte do motorista de aplicativo e informa que ele não chegou a dar entrada na unidade. "De acordo com relatos de seguranças do hospital e do policial militar que estava próximo do local, o motorista foi encontrado já sem vida dentro do carro que conduzia, em frente ao HFB".
Em nota, a Uber disse lamentar "profundamente que motoristas parceiros sofram com a violência e brutalidade que permeiam nossa sociedade. Prestamos toda nossa solidariedade à família do motorista parceiro Alexandre Jorge Monteiro de Sousa neste momento tão difícil. A empresa permanece à disposição das autoridades para apoiar as investigações, nos termos da lei".