Professora da UFRJ é acusada de manter idosa em trabalho análogo à escravidão
Mulher ficou presa na casa por 40 anos sem remuneração; professora roubou até seu auxílio emergencial
Por O Dia
Rio - O Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ) entrou com uma ação contra uma professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) por manter uma idosa em condições de trabalho análogas à escravidão.
A idosa de 63 anos foi resgatada na casa da professora no Zona Norte da cidade no final de janeiro. A descoberta aconteceu durante uma ação de força-tarefa de órgãos federais contra o trabalho escravo. A mulher trabalhava como empregada doméstica na casa há quase 40 anos.
Ela não recebia qualquer tipo de remuneração e, recentemente, a professora inclusive se apropriou do auxílio emergencial recebido pela idosa. Além disso, ela era obrigada a catar latinhas nas ruas, vendê-las e dar o dinheiro à professora.
A idosa foi encontrada pela força-tarefa dormindo em um quarto sem energia elétrica. De acordo com o MPT, ela apresentava desnutrição. Os vizinhos relataram aos investigadores que a senhora sofria maus tratos, violência física e realizava trabalhos exaustivos sob o sol.
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A própria idosa informou que não tinha acesso livre a água potável e alimentos, e que a professora jogou fora todos os seus pertences. Dentre eles, havia anotações como os contatos de seus parentes.
Agora, a mulher está em um Centro de Acolhimento da Prefeitura do Rio, e a Justiça analisa o caso. O MPT pediu à Justiça que a professora pague à idosa R$ 1,3 milhão em indenização , além de uma pensão e pagamento retroativo dos salários.
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Em nota, a UFRJ informou que não foi notificada sobre o caso e repudiou o ocorrido. Confira a nota na íntegra:
"A Reitoria da UFRJ foi surpreendida ao saber pela imprensa sobre o caso de uma professora que teria sido acusada de manter uma empregada doméstica em trabalho análogo à escravidão. Ainda que a operação tenha ocorrido no dia 25/1, informamos que a Universidade, até o momento, não foi notificada oficialmente pela Justiça do Trabalho.
Repudiamos veementemente quaisquer retrocessos ou vilipêndios que desfigurem a dignidade da pessoa humana. A escravidão é um fato histórico doloroso da história brasileira que ainda deixa marcas. Ações como esta Operação Resgate, do Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro (MPT-RJ), e que envolveu outros órgãos federais, precisam ser estimuladas. A escravidão não pode ter mais espaço em um país que, por mais de três séculos sombrios, seu implacável sistema pairava gerando danos profundos dia após dia. Obviamente, uma postura de adesão ao escravismo, de fato, não condiz com o ethos da UFRJ, que é o de promover formação qualificada e emancipadora do saber como força transformadora.
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Assim que notificada a Universidade tomará as providências legais cabíveis".