O desembargador Marcelo Granado, que suspeitou das falsificações, afirmou que
O desembargador Marcelo Granado, que suspeitou das falsificações, afirmou que "qualquer pessoa vendo aquela decisão percebe que não foi proferida por um magistrado"Reprodução/TV Globo
Por O Dia
Rio - A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) determinou que fosse feito um mutirão para verificar a legalidade de todos os alvarás de soltura cumpridos desde setembro de 2020. A ação começou depois que dois presos deixaram a cadeia usando documentos de soltura falsificados, acendendo um alerta no órgão. Em reportagem do Fantástico, da TV Globo, foi apurado que 43 casos começaram a ser investigados na última semana.
No dia 18 de novembro de 2020, João Felipe Barbieri foi solto usando um documento falso. Ele é integrante da quadrilha de Frederick Barbieri, considerado o 'Senhor das Armas', segundo as investigações. Sua soltura e a de João Victor Roza, no dia 14 de outubro, causaram desconfiança no desembargador Marcelo Granado, o que motivou o início das investigações.
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Granado disse, em entrevista à Globo, que "qualquer pessoa vendo aquela decisão percebe que não foi proferida por um magistrado". Segundo ele, "há erros ortográficos, a formatação é muito estranha, com letras maiúsculas no meio do parágrafo, sem iniciar frase. É estranho, no mínimo", declarou.
O documento usado por João Felipe Barbieri foi forjado para se passar como um alvará oficial da Justiça Federal. Houve ainda a falsificação de outro documento para atestar que não havia mandado de prisão contra ele e João Victor Roza. Esse segundo incluía erros como o número do processo errado, usado para os dois presos, com a assinatura e o nome de um policial civil inventado, assim como o número do alvará de soltura. O código de identificação usado também não estava de acordo com os padrões da Justiça e o endereço para checagem online não bate com o oficial.
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Para atestar ainda mais a falsificação, o alvará de soltura foi enviado de um e-mail particular, contra as normas do Conselho Nacional de Justiça, por um oficial de justiça que também não existe, de nome José Pacassi.
Entre os 43 alvarás de soltura investigados neste momento, está o nome de Gilmara Monique Amorim, condenada a mais de 18 anos de prisão por sequestro e assalto a banco, integrante de uma quadrilha que organiza esse tipo de crime. Ela cumpria pena em um presídio de Niterói e saiu pela porta da frente, em novembro de 2020, depois de usar o documento falsificado para sua soltura.
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Em 2008, Gilmara participou do sequestro de um gerente da unidade da Caixa Econômica Federal do Galeão, o Aeroporto Tom Jobim. Na ocasião, o bancário foi mantido como refém com a mulher e sua filha por um dia.