Contraditoriamente, completamos, em março, um ano da primeira morte por covid-19 no país e o ciclo da angústia na luta contra um inimigo invisível. Com ele, vieram o trabalho em casa, as videochamadas, o ensino a distância para as crianças... Tudo muito novo. O vírus chegou de forma cruel: roubou-nos o cuidado com as pessoas queridas no hospital e nos tirou o ritual do último adeus.
Com o passar dos dias, ele se tornou mais próximo, com notícias de conhecidos infectados e vítimas da pandemia. Máscara, álcool em gel, medição de temperatura nos supermercados e o ritual de higienizar as compras na volta para casa. Batizamos tudo isso de "novo normal".
Velhos hábitos, no entanto, se mantiveram. O famoso "Você sabe com quem está falando?" teve vez no noticiário da pandemia. No meio da esperança da vacina, antigos vícios: fura-filas, falsas imunizações de idosos e escassez de doses. Falta de empatia. Vieram também as aglomerações, talvez com a armadilha de normalizar o que jamais deveria ser algo corriqueiro: as perdas, inúmeras e dolorosas.
Há um ano, renovamos seguidamente as forças, com fé na chegada de uma nova estação. Que seja de cura. Que seja como a da canção: "É a promessa de vida no teu coração...".