Passageiros da Supervia ficam no meio do fogo cruzado em Parada de Lucas e Vigário Geral
Passageiros da Supervia ficam no meio do fogo cruzado em Parada de Lucas e Vigário GeralEstefan Radovicz
Por Anderson Justino
Rio - A enfermeira Luanna da Silva Pereira, de 28 anos, morreu na manhã desta quinta-feira (4) depois de sido baleada na porta de casa, na comunidade Parada de Lucas, na Zona Norte do Rio. Segundo informações, ela ficou no meio do fogo cruzado em uma troca de tiros entre traficantes e policiais civis. Por conta dos tiroteios, a circulação de trens foi suspensa. Moradores protestaram por conta da morte da mulher.
Moradores relataram que Luanna estava dentro de casa e saiu para ver o que acontecia na comunidade. Ela foi atingida por pelo menos dois disparos, na cabeça e barriga. A enfermeira tinha uma filha de 9 anos, que estava dormindo na hora do confronto.
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Em nota, a Polícia Civil afirma que o tiro que atingiu a vítima partiu da arma dos bandidos. Segundo informações de moradores, Luanna era evangélica e fazia trabalhos sociais dentro da comunidade.
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Em nota, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos informou que ofereceu atendimento social e psicológico para a família de Luanna. Disse ainda que a equipe psicossocial acompanhou parentes da vítima no Instituto Médico Legal (IML) e está auxiliando nos trâmites para o sepultamento.
Por conta da morte da moradora, moradores fecharam algumas ruas da região, ateando fogo em pneus usados e pedaços de paus. A circulação de veículos foi interrompida na Rua Bulhões Marcial.
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Uma moradora de Parada de Lucas disse que Luanna foi vítima da "covardia" dos policiais que entraram atirando na comunidade. "Eles já chegaram atirando. Não pensaram nas pessoas que estavam saindo para o trabalho. Infelizmente esse tipo de covardia só acontece nas comunidades", disse a mulher, que desmente a versão da polícia. 
Desde as primeiras horas desta quinta-feira, agentes da 38ª DP (Vista Alegre) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) realizam uma operação contra o tráfico de drogas que atua na região.
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De acordo com os agentes, a operação foi montada com bases em denúncias da Supervia e usuários dos trêns que alertaram a polícia sobre a movimentação de bandidos nas estações do trem, tentando alavancar a venda de drogas na região.
MEDO
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Imagens divulgadas nas redes sociais mostram passageiros da Supervia abaixados em um vagão. Há relatos de intensos tiroteios entre Parada de Lucas e Vigário Geral. A Supervia suspendeu temporariamente a circulação de trens na região.
Segundo a cuidadora de idosos Cláudia Regina dos Santos, de 50 anos, o maquinista parou o trem no meio da ferrovia e fugiu, deixando centenas de passageiros desesperados. 
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"Ficamos deitados no chão por horas. O maquinista fugiu e deixou todo mundo sozinho. Por conta dessa situação, as pessoas abandonaram o trem e caminharam pelo trilho", disse.  
ABUSOS E INVASÃO
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Áudios que circulam em grupos de WhatsApp, atribuídos a uma moradora, afirmam que os policiais envolvidos na operação atuam de maneira truculenta dentro da comunidade. Segundo a mulher, além de chegar atirando, os agentes invadiram algumas casas sem mandados de busca e apreensão.
"A gente só quer que vocês nos ajudem a divulgar esses abusos. Os policiais estão invadindo as casas e atirando a esmo", diz a mulher.
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O defensor Público Geral do Estado, Rodrigo Baptista Pacheco, disse que o Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria do RJ e a Ouvidoria-Geral estão acompanhando os casos e direcionando para o promotor plantonista.