Rio,27/08/2020 -BELFORD ROXO,DHBF(Delegacia de Homicidios da Baixada Fluminense), Operacao da Policia Civil, para cumprir mandados de prisao de Milicianos. Na foto, Moyses Santana (Delegado da DHBF) .Foto: Cléber Mendes/Agência O DiaCléber Mendes

Por Thuany Dossares
A Polícia Civil e o Ministério Público anunciaram, no início desse mês, a criação de uma nova força-tarefa para tentar responder a pergunta que há três anos ecoa: 'quem mandou matar Marielle?'. Se depender do delegado Moysés Santana, titular da Delegacia de Homicídios, suspeitos já descartados serão novamente investigados. Desde setembro, ele já fez 120 novas diligências no caso, que hoje completa três anos.
"Estamos tentando novas informações, tentando extrair mais coisas das pessoas, fuçando mais os lugares, focando em fazer mais diligências de campo, para ver se essa informação vem de algum lugar", disse o delegado à reportagem de O DIA.
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Os executores do crime, ocorrido à noite, no Centro do Rio, já estão presos há dois anos: o policial militar reformado Ronnie Lessa, acusado de ser o atirador, e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, apontado como o motorista do carro. Santana não tem dúvidas sobre o envolvimento da dupla no crime, que alega inocência, mas para descobrir quem os contratou. "Uma prova mais técnica agora é um pouco mais difícil. Não é impossível, pode vir, tanto que representamos constantemente por quebras de cautelares tentando obter essa prova, mas acredito que agora seja mais no campo mesmo. Estamos com novas ideias, tentando abordar o inquérito com outro olhar, outra forma, para poder chegar em fatos novos, então, de repente acredito até que tenhamos trabalhado o inquérito de uma forma diferente da que havia sido trabalhada, muitas informações novas chegaram, testemunhas novas foram ouvidas", contou o delegado. Com novas diligências e oitivas, algumas linhas de investigação foram descartadas. Entretanto, a hipótese de que o ex-vereador do Rio, Cristiano Girão, tenha sido o mandante da morte de Marielle ainda é mantida.
Girão ainda é investigado
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Segundo a Polícia Civil, Girão, que comandaria uma milícia, já teria se envolvido em um crime semelhante ao que vitimou Marielle e seu motorista. "O depoimento do Girão para a equipe anterior foi muito bom e, nesse momento, a gente prefere deixar o que temos, o que já conseguiram extrair foi satisfatório. Pode ser que lá na frente a gente precise ouvir ele de novo, mas por enquanto não", afirmou Santana.
De acordo com o delegado, uma das missões do caso é a corrida contra o tempo. "Assumimos a investigação com mais de 60 volumes, com várias linhas que já tinham sido analisadas. Imagens que se perderam, três anos depois é difícil você ter essa prova, trabalhamos para ter, mas pode ser mais difícil. Então, agora estamos buscando fazer um trabalho de inteligência policial mesmo para chegar até a informação e cumprir a missão de elucidar o mando do crime", finalizou o delegado.
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A equipe anterior de investigação chegou a perder imagens do caso que poderiam comprovar que Lessa e Queiroz estavam no carro. Todos os citados alegam que são inocentes.