Segundo parentes que acompanhavam o reconhecimento do corpo no IML, Emanoelly Almeida era uma menina tranquila e estudiosa
Segundo parentes que acompanhavam o reconhecimento do corpo no IML, Emanoelly Almeida era uma menina tranquila e estudiosaWhatsApp do DIA (98762-8248)
Por Lucas Cardoso e Jorge Costa*
Rio - Ubirajara Silva de Freitas, pai de Emanoelly Almeida, de 19 anos, acusou a Polícia Militar de ter sido responsável pela morte de sua filha. Ela foi atingida por um tiro no rosto quando estava indo para o aniversário do pai na tarde desse sábado, no bairro Santa Luzia, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Ubirajara contesta a versão da PM de que a jovem teria sido morta após um confronto entre policiais e traficantes. Na versão do pai, apenas um tiro teria sido registrado, originado dos policiais.
O pai da vítima compareceu, na manhã desta domingo, ao Instituto Médico Legal (IML) de São Gonçalo para reconhecer o corpo e disse que os agentes manipularam a cena do acontecimento, fingindo prestar socorros para impedir que a perícia fosse realizada no local. O caso ocorreu na Avenida Santa Luzia. Os policiais militares socorreram a vítima e a levaram ao Hospital Estadual Alberto Torres. Emanoelly Almeida estava terminando o Ensino Médio. 
Publicidade


A versão dada pela Polícia Militar foi contestada pelo pai de Emanoelly

Ubirajara Silva afirmou que não houve tiroteio. Segundo o pai de Emanoelly, ela estava dentro de uma barraca quando policiais começaram a perseguir indivíduos que estavam em uma moto, e no momento em que sua filha colocou o rosto para fora da loja, os agentes ficaram surpresos e atiraram contra o rosto da jovem. Ele também mencionou que o lado do rosto em que a vítima foi atingida estava na mesma direção da viatura policial.

“Ela estava dentro da barraca. Inclusive, ela estava indo para a minha casa. Veio um menino de moto de um lado e uma viatura do outro. Quando eles viram, fizeram um movimento de fugir. Os policiais desembarcaram e foram em direção à moto. Minha filha foi colocar a cabeça para fora da loja. Foi quando eles se assustaram e deram um tiro que acertou no rosto dela. Deu um tiro nela, ela caiu. Eles chamaram um monte de viatura. Foi só um tiro e não houve troca de balas", afirmou o pai.
*"Não houve confronto.* Deixaram ela lá por 40 minutos caída no local. Mesmo ela já estando morta, eles a socorreram. Por que isso? Por que socorrer uma pessoa? Isso é alterar a cena do crime! Por que não esperaram a perícia? Não teve tiroteio, só foi um tiro dado pela polícia", disse Ubirajara.

Ubirajara disse que espera pelo menos uma resposta verdadeira da Polícia Militar.

"Só quero a resposta. Uma resposta deles. 'Meu irmão, olha só, eu errei, fiz uma cagada, destruí sua vida, sua família'...” E reforçou: “Não houve confronto, e se o tiro tivesse partido da moto, não teria acertado o rosto dela pelo lado da viatura", afirmou.
Publicidade
Ubirajara também falou sobre o sofrimento que ele e a família estão sentindo nesse momento. "A família fica sem chão. Uma perda irreparável. Infelizmente ela é mais uma vítima e eu mais um pai que chorou. Garota tranquila, nunca deu problema, estava terminando o ensino médio", concluiu.

Em nota, a Polícia Militar disse que policiais militares do 7° BPM, de São Gonçalo, estavam em patrulhamento pelo bairro Santa Luzia, quando se depararam com indivíduos armados em motocicletas.

Ainda em nota, a polícia afirmou que os agentes foram alvo de tiro por estas pessoas que estavam nas motos, e que eles revidaram. Em seguida, solicitaram apoio de outras equipes. Após o confronto, eles teriam socorrido Emanoelly imediatamente, e levado para o Hospital Estadual Alberto Torres. Até o fechamento desta reportagem, a Polícia Civil não havia se manifestado sobre a investigação.

Confira a nota da PM na íntegra:

“A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que, na tarde de sábado (13/03), policiais militares do 7ºBPM (São Gonçalo) estavam em patrulhamento pelo bairro Santa Luzia, no município de São Gonçalo, quando se depararam com indivíduos armados em motocicletas. Estes indivíduos efetuaram disparos de arma de fogo contra a equipe policial, que reagiu. Foi solicitado apoio de outras equipes. Após cessarem os disparos, uma pessoa foi encontrada ferida e foi imediatamente socorrida ao Hospital Estadual Alberto Torres. Ocorrência encaminhada para a 73ª DP”.
Estagiário sob supervisão de Gustavo Ribeiro*