Cláudio Castro
Cláudio Castro Reginaldo Pimenta
Por O Dia
Rio - O governador em exercício do Rio, Cláudio Castro, defendeu que graças a onda bolsonarista de 2018 ele está no cargo e afirmou que será um aliado de Jair Bolsonaro durante a campanha de 2022. "Bolsonaro é o meu candidato. Gosto dele, acredito nele", contou em entrevista ao jornal Estadão. Sobre a pandemia do coronavírus, Castrou elogiou a atuação de Eduardo Pazuello, que deixa o cargo de ministro da Saúde sob diversas críticas, e o classificou como "um guerreiro" à frente da pasta. Ele afirmou que o foco no Rio é abertura de novos leitos. 
Questionado pelo jornal se não há necessidade de adotar medidas mais rígidas de isolamento, Castro afirmou que a área da Saúde ainda não falou sobre restringir. "Continuo encarando de uma forma técnica. Recebo o pessoal da Saúde e ainda não me disseram que tenho que restringir mais coisas. Estamos preparando medidas, mas, como foi da última vez, vão ser 100% preparadas com a cadeia produtiva, os prefeitos e a medicina. Aqui será por meio de um processo de diálogo. Tem a questão agora de dois feriados, temos que decidir o que vamos fazer acerca deles. Segundo o meu pessoal, cada ato que se toma demora de duas a três semanas para sentir o impacto. Ainda estamos para entender se o que a gente já fez deu resultado ou não", falou ele.

Castro contou que o Rio tem capacidade para a abertura de novos leitos em comparação a estados vizinhos, além disso, o dinheiro usado para as vacinas da covid-19 também está sendo usado para os novos leitos. "O Rio está passando pela terceira onda, somos o único Estado passando por isso. Já temos um aprendizado. Não diminuímos tanto os leitos e sabemos que tem municípios "guardando" leitos - estamos indo em cima deles. Voltei a conversar com a rede privada para abrir 300 vagas; o dinheiro do fim do ano que reservei para vacinas foi demais e já estou usando para a abertura de leitos".

Claudio Castro enxerga que o novo ministro da Saúde terá uma gestão de continuidade do trabalho de Pazuello. "É continuidade, mas com um ministro novo. Acho que o Pazuello foi um guerreiro nessa condução. Ele não é médico, mas cumpriu um papel de organizar essa batalha pela compra das vacinas. Mas é uma batalha tão difícil que todo mundo disse que ia comprar e não conseguiu. Nosso País é muito grande e não somos um País produtor, então é uma compra difícil. Estamos há uma semana no Rio batalhando (para comprar vacinas), mas as respostas não são boas, dizem que já estão negociando com o 'governo central'. A política mundial hoje é essa", contou. 

Sobre a contratação de vacinas por parte do Brasil, Castro entende que como é a primeira vez que um imunizante é produzido tão rápido, pode haver erros e acertos. "Complicado é estar sentado na cadeira do gestor. Tinha uma questão que incomodava no contrato da Pfizer, sobre a responsabilidade de quem estava aplicando a vacina, a questão da refrigeração a menos 70 graus também. É muito complexo. Ficar apontando o dedo hoje é o simples, é o fácil. Resolver o problema é tão difícil que o país inteiro está com problemas, os 27 Estados. É todo mundo incompetente?"
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'Não tem por que eu não estar com Bolsonaro hoje'
O governador foi questionado sobre a conduta pessoal do presidente Bolsonaro no combate à covid-19 e avaliou que o país está 'muito polarizado', mas o Rio 'foge' dessa 'politização'.  "Ao mesmo tempo que uma gama critica, outra endeusa. Essa polarização, e até o fato de alguns governadores estarem politizando, acaba saindo um pouco do campo da técnica. Aqui no Rio estamos fugindo da polarização e da politização, tentando encontrar um caminho da técnica, um caminho central de diálogo, de calma. Olhar só a questão do presidente é uma visão rasa. Há uma guerra por mídia instaurada de um lado contra o outro. No Rio temos deixado essa questão de lado - tirando quando o Doria tentou politizar comigo, aí dei uma resposta só e acabei".
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Castro foi enfático sobre a relação com o presidente da República e afirmou que 'está com Bolsonaro'. "Bolsonaro é o meu candidato. Gosto dele, acredito nele. Nós estamos aqui por causa da onda bolsonarista, que teve mesmo. Seria um contrassenso não estar com ele, seria um contrassenso se eleger na esteira do Bolsonaro e agora virar as costas. Fomos eleitos por uma gama da sociedade que acreditava naquele modelo. Erros e acertos acontecem sempre, é o processo democrático e político natural. Não tem por que eu não estar com Bolsonaro hoje".
Ele disse que é aliado da família Bolsonaro, contudo não é funcionário deles. "Falavam que eu ia escolher o candidato bolsonarista para a Procuradoria-Geral de Justiça (o chefe do MP estadual), mas eu escolhi o mais votado da lista. Que eu não faria medidas restritivas na pandemia, mas fiz… Tenho uma proximidade boa (com a família Bolsonaro) , conheço há muitos anos, temos um alinhamento. Ser aliado é uma coisa, ser funcionário é outra. Não sou funcionário de ninguém, e sim do povo do meu Estado. Eu falava que o (senador) Flávio (Bolsonaro, filho mais velho do presidente) nunca tinha me pedido indicação para a PGJ, mas ninguém acreditava. Nunca me pediram isso, é até uma injustiça com eles. O que eu quero é poder contar com eles".
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Wilson Witzel

Para Castro, Wilson Witzel, afastado do cargo de governador do Rio, "tomou as decisões dele". "Eu sempre falei que não concordava com a briga. Eu não sou de briga, então sempre falei que o Rio precisava muito do governo federal, que a população escolheu um presidente e um governador da mesma linha para dialogarem. Os dois vão achar seus motivos para ter brigado, mas eu tomei uma decisão: não vou brigar. Vou discordar quando tiver que discordar, mas vou caminhar com todo mundo, inclusive com os prefeitos todos. Estava aqui outro dia com o Fabiano Horta (prefeito de Maricá, do PT), o Rodrigo Neves (ex de Niterói, do PDT), o Washington Reis (de Duque de Caxias, do MDB). Não tenho essa postura; converso com todo mundo".
Ele também afirmou que não comenta sobre as investigações que envolvem o governador afastado. "Não falo desse assunto. Não estou acompanhando, até porque se ele sair eu sou o sucessor". 
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Sobre uma possível candidatura a governador em 2022, ele afirmou que 'se entregar é o caminho natural', mas que não se enxerga como uma 'antítese' de Witzel. "Acho que tenho mais horas de voo que ele, né? Estou nisso há muitos anos, é normal. Tenho perfil diferente e mais experiência. Estou nisso desde 2004. Apesar de só me conhecerem agora, fui um cara de bastidores por muitos anos".
Investigações 
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Sobre a delação premiada do esquema de corrupção envolvendo a Fundação Leão XIII que levou à prisão o ex-secretário estadual de Educação Pedro Fernandes, Castro resumiu ser uma 'palhaçada'. 

"Ele (o delator Bruno Campos Selem) era meu amigo. Meu primeiro ato aqui foi cortar 25% do contrato dele, porque tínhamos que cumprir um decreto. Ele só se ferrou por ser meu amigo, não teve benefício. O cara faz uma delação lida… Tinha que cair tudo. Ninguém na imprensa cobra o MP e a Justiça de derrubar uma delação que é flagrantemente ilegal? É um erro de vocês permitir isso para ferrar o político. O cara fala o seguinte: que ele vai ao cofre na véspera, que não me vê, que está em outra sala, aí volta lá no fim da tarde. E que aí ele teria dado falta (do dinheiro). E não tem prova de quanto tinha no cofre", falou sobre as investigações.
Castro ressaltou que não tem ligações com as irregularidades e que não teme um afastamento do cargo. "Se não tiver nenhuma covardia, zero. No Direito, zero, zero, zero. Não temo mesmo, porque expliquei tudo. Se olhar meu patrimônio, desde que parei de cantar não tem entrada na minha conta de nenhum real que não seja da fonte pagadora, uma conta minha paga em dinheiro. Meu padrão de vida hoje é pior do que quando eu era vereador. O único dinheiro que acharam na minha casa quando fizeram a busca é de quando eu vendia CD. Por causa dessa confusão, até tributei tudo, coisa que cantor católico nunca faz".