De acordo com as investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MP), os bombeiros atuavam em grupamentos militares de Duque de Caxias e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Por meio de interceptações telefônicas e outras apurações, os promotores descobriram que alguns oficiais e praças da corporação constituíam uma organização criminosa que cobrava altos valores de empresários daquela região, que estavam sujeitos às suas fiscalizações, para realizar, de forma fraudulenta, o procedimento de legalização de seus negócios junto ao Corpo de Bombeiros.
Conforme as denúncias do Gaeco, o procedimento acontecia através da aprovação de projetos contra incêndio e pânico, de diversas edificações locais, efetuadas sem a apresentação da devida documentação, como vistorias nas edificações e a verificação dos dispositivos preventivos necessários.
Os denunciados pelo MP nas novas ações penais deste ano são o tenente coronel da reserva Edvaldo Cortes Moreira, o capitão Anderson Soares, o coronel Temilton Taciano de Freitas, o major Thiago Ferreira de Almeida, o capitão Ramon Rodrigo Silva Vieira, o capitão Robson Clementino da Silva, o coronel da reserva Jorge Luiz Matos de Oliveira e o capitão Sidney da Silva Fernandes.
Para o órgão, além das práticas criminosas, a conduta dos militares coloca em risco toda a sociedade local, que fica sob a ameaça iminente de acidentes. Em uma das denúncias apresentadas, uma mulher não identificada pergunta sobre a possibilidade de diminuir o valor indevidamente exigido pelo capitão do Corpo de Bombeiros Robson Clementino da Silva. Segundo o Gaeco, ele negocia respondendo que não pode reduzir o valor, mas que pode facilitar o pagamento parcelando em duas vezes.
"No decorrer da conversa, constata-se que o estabelecimento detinha irregularidade referente às exigências de segurança contra incêndio e pânico, que ocasionou notificação para que fossem realizados os devidos ajustes. Contrariando as normas legais, o denunciado afirma que irá cancelar a notificação para não gerar a multa", informou o Ministério Público.
O Ministério Público do Rio avalia que "o quartel dos Bombeiros Militares (...) através de suas subseções de Engenharia, infelizmente, deixa de atuar como polícia administrativa e aproveita a burocracia para negociar a facilidade". O órgão afirma que as sete denúncias já foram recebidas pela Auditoria da Justiça Militar e que requereu a decretação da perda do cargo dos denunciados.
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