Expectativas do comércio para as novas medidas restritivas. Na foto, José Batista, gerente do Bar Arco íris , na Lapa.
Expectativas do comércio para as novas medidas restritivas. Na foto, José Batista, gerente do Bar Arco íris , na Lapa.Estefan Radovicz
Por Yuri Eiras
Rio - A decisão da prefeitura de fechar o comércio não essencial por dez dias, apoiada pela comunidade científica, foi mais um baque no setor de bares e restaurantes, que já vinha em um momento nada saboroso nos últimos meses, com contas apertadas por falta de movimento. No Rio e em Niterói, estabelecimentos deverão fechar entre 26 de março e 4 de abril, período em que irá vigorar o 'superferiadão' para diminuir o movimento nas cidades e conter a circulação da Covid-19.
No Boteko do Juca, na Avenida Mem de Sá, não tem sido por falta de tentativa que o movimento enfraqueceu. O bar entrou na onda do delivery e está presente nos aplicativos de entrega, mas não vê os pedidos emplacarem. Famoso pela música ao vivo nos fins de semanas e frequentado pela comunidade do samba no período pré-pandemia, o bar, que antes recebia mais de 300 pessoas em uma noite de sexta, recebe, agora, menos de 20.
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Expectativas do comércio para as novas medidas restritivas. Na foto, Antonia Lopes, gerente do Boteco do Juca, na Lapa. - Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Expectativas do comércio para as novas medidas restritivas. Na foto, Antonia Lopes, gerente do Boteco do Juca, na Lapa.Estefan Radovicz / Agencia O Dia
"Nosso forte é o presencial", explica Antônia Lopes, dona do estabelecimento. "Nossa venda era baseada nas pessoas que vinham para o samba. Você tirar o restaurante para deixar delivery, aí é melhor fechar. Não compensa. O movimento caiu em quase 90%. Até agora, estávamos fechando às 21h, respeitando o decreto. Mas quem vinha consumir aqui, saía depois das 21h para outros bairros menos visados pela fiscalização, e continuava a beber", conta Antônia.
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Tradicional ponto da Rua do Lavradio, o bar Arco Íris da Lapa, aberto desde 1960, nunca viveu tempos tão incertos. Seu Batista, responsável pelo almoço do bar, que oferece buffet durante a tarde e petiscos à noite, afirma que não recebe mais de "quatro ou cinco clientes" no horário. "Não tem mais movimento. Quando vem, é um freguês almoçando em uma mesa, outro freguês lá na outra ponta. Agora, com o bar podendo ficar aberto, já está ruim. Até 21h não dá para fazer muita coisa. Imagina fechado".
Multa pesada para quem descumprir as regras
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Uma das novas medidas de restrições anunciada pelas prefeituras do Rio e Niterói, na tarde desta segunda, para o 'superferiadão' de dez dias – que está previsto para acontecer de sexta-feira (26) até o Domingo de Páscoa (4), prevê a prisão de até um ano e multa para quem desrespeitar as regras. De acordo com o artigo 268 do Código Penal, é considerado crime desrespeitar "determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa". Os donos de bares e restaurantes também podem ter o alvará cassado.
Os fiscais poderão fechar os estabelecimentos por 15 dias, no mínimo, independentemente de outras punições. Além de poder cassar o alvará do proprietário. O decreto também autoriza, de forma excepcional, que agentes da Vigilância Sanitária terão autonomia para fechar estabelecimentos mesmo sem a presença de um representante da Secretaria de Ordem Pública (Seop) da prefeitura.
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Sindicato de Bares e Restaurantes pede linha de crédito para a categoria
O Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro (SindRio), em nota, fez um pedido aos governos, na última segunda-feira (22), para que os empregos da categoria sejam mantidos.
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"Como representante de quase dez mil bares e restaurantes da cidade do Rio, o SindRio entende que deve haver um equilíbrio entre as restrições necessárias para a manutenção da saúde coletiva e a viabilidade de negócios que garantem o sustento de mais de 100 mil famílias cariocas. E, diante deste cenário, é preciso construir soluções em conjunto com o Poder Público, oferecendo linhas de crédito, flexibilizando tributos, renegociando dívidas e permitindo produzir e manter empregos, para que o setor possa seguir fazendo a sua parte no combate à pandemia sem que isso implique no agravamento da crise econômica sem precedentes que enfrenta há um ano", pediu o sindicato.