Operação mira grupo miliciano que atua no transporte alternativo na cidade de Mesquita, na Baixada Fluminense
Operação mira grupo miliciano que atua no transporte alternativo na cidade de Mesquita, na Baixada FluminenseReginaldo Pimenta/Agência O Dia
Por Anderson Justino e Beatriz Perez
Rio - Um dos alvos da operação Direção Perigosa, o policial militar Daniel Monsores foi preso com a farda da PM, dentro do 20º BPM (Mesquita). A ação, realizada nesta terça-feira em Mesquita, na Baixada Fluminense, tinha como objetivo cumprir 13 mandados de prisão e 22 de busca e apreensão. Doze pessoas foram presas. Restou um mandado de prisão pendente contra William da Costa Guimarães, gerente de uma cooperativa de transporte.
Oito policiais militares foram denunciados e presos. Entre os policiais denunciados está Márcio Lima da Cunha, conhecido como "Zebu", apontado como líder da milícia, que já estava encarcerado desde 2018.
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Entre os civis presos está a mulher de Zebu, Sandra Gonçalves Pacheco. Ela é apontada nas investigações como a pessoa que passa todas as informações e a propina para o marido, no Batalhão Especial Prisional (BEP) da Polícia Militar, em Niterói. 
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Segundo a denúncia do Ministério Público e da Polícia Civil, o grupo paramilitar explora o comércio ilegal de transporte alternativo dentro de Mesquita e cidades vizinhas. 
A polícia diz que, mesmo de dentro BEP, Zebu exerce poder de controle em três cooperativas nos bairros Jacutinga, Santo Elias e Vila Emil, em Mesquita, através de cobrança de taxas para circular livremente pelos bairros. A denúncia aponta a participação de PMs, entre eles Daniel Monsores. 
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A milícia recebia taxas de três cooperativas de transporte irregulares. Os respectivos gerentes das companhias também foram alvo de mandados. "Essa milícia cobrava taxas para que as cooperativas circulassem livremente. O dinheiro ia para Zebu, que recebia o montante na cadeia", conta a promotora do Gaeco Mariana Segadas. 
Os policiais militares envolvidos recebiam uma semanada de propina para que o esquema funcionasse. Os dois PMs do 6º BPM, que já tiveram passagem pelo 20º BPM, cumpriam ordens expressas de Zebu. Além deles, foram presos quatro militares do 20º BPM (Mesquita) e um do 21º BPM (São João de Meriti), por recebimento de propina.

Confira a lista dos presos:

1) Márcio Lima da Cunha, o Zebu - Sargento da PM preso desde 2018, chefe do grupo
2) Sandra Gonçalves Pacheco, mulher de Zebu
3) Eduardo Daniel Martins Neto, sargento do 20º BPM
4) Claudir Feital Ferreira, subtenente do 20º BPM
5) Daniel Henrique Monsores, cabo do 20º BPM
6) Luciano Maurício dos Santos, cabo do 20º BPM
7) Anderson Queima Pasch, sargento do 21º BPM
8)Jefferson Perru Alves, sargento do 6º BPM
9) Vitor Gomes do Vale, cabo do 6º BPM
10) Mauro Sérgio da Silva Coelho, gerente de cooperativa
11) Anderson Vilarinho, o "Péia", gerente de cooperativa
12) Ademir Cordeiro de Lima, recolhia propina

Além dos doze, também é alvo de prisão William da Costa Guimarães, gerente de cooperativa, que não foi preso nesta terça-feira. A operação segue em andamento. Foram cumpridos 22 mandados de busca e apreensão.

O Ministério Público apreendeu 19 celulares; documentos; R$ 4.300 em dinheiro proveniente das cobranças de taxas; cadernos com anotações da quadrilha; um carnê; duas lunetas, sete rádios transmissores; munições; um esboço de projetos de loteamento e construção de residências; diversas folhas de recibo de pagamento de segurança privada; camisas com inscrições de segurança, pens drives, escrituras de promessas de cessão de direito; impressões de boletim de cadastros imobiliários; documentos pessoais;e um simulacro de arma de fogo.
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A investigação teve início a partir de uma denúncia do tipo notícia de fato, que foi investigada pelo Ministério Público e recebeu apoio do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). A Controladoria da PM participou da operação para o cumprimento dos mandados. A Delegacia de Repressão às Ações Crimisosas Organizadas (Draco), também participou da ação.

Segundo a promotora Mariana Segadas, não há informações sobre envolvimento do comando dos respectivos batalhões no esquema criminoso. Foi realizado pedido de afastamento imediato dos PMs investigados. A Polícia Militar informou que será instaurado um procedimento apuratório no caso dos militares mencionados.
Em nota, a Secretaria de Estado de Polícia Militar disse que a Corregedoria da Polícia Militar realizou uma ação conjunta com equipes da Polícia Civil e do Ministério Público contra a milícia em Mesquita e que seis mandados de prisão contra policiais militares foram cumpridos.