UTI para tratamento de Covid-19  no Hospital Ronaldo Gazolla, em Acari, Rio de Janeiro. Pacientes entubados na unidade de terapia intensiva do hospital municipal.
UTI para tratamento de Covid-19 no Hospital Ronaldo Gazolla, em Acari, Rio de Janeiro. Pacientes entubados na unidade de terapia intensiva do hospital municipal.Daniel Castelo Branco
Por Yuri Eiras
Rio - Um grupo de grandes empresas pretende doar ao Ministério da Saúde 3,4 milhões de medicamentos hospitalares utilizados em leitos de Covid, os chamados 'kit intubação'. A doação deve acontecer esta semana, e os produtos serão distribuídos para os 26 estados e o Distrito Federal. Mas o Rio, apesar ter recebido lotes nas duas últimas semanas, sofre em várias unidades de saúde com a escassez dos medicamentos, fundamentais para evitar ainda mais sofrimento por parte dos pacientes.
Os fármacos usados no 'kit intubação' funcionam para manter o conforto respiratório dos pacientes, ajudando no alívio da dor, já que o processo de transmitir um tubo através da garganta é invasivo e doloroso. Os analgésicos mais comprados são o fentanil e a cetamina. Já o midazolam e o propofol ajudam a manter a sedação. Atracúrio, rocurônio e cisatracúrio são bloqueadores neuromusculares, ajudando no relaxamento do corpo e evitando espasmos de dor.
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Os maiores aumentos de casos e óbitos foram registrados nas faixas etárias de 30 a 59 anos - Daniel Castelo Branco
Os maiores aumentos de casos e óbitos foram registrados nas faixas etárias de 30 a 59 anosDaniel Castelo Branco
Uma profissional de saúde de um hospital em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, afirmou que "tem sido doloroso acompanhar o sofrimento dos pacientes". "Estamos fazendo economia de remédio, economia de material hospitalar, como seringas. A redução nos medicamentos é a redução de chances de vida do paciente". Há relatos também de escassez do 'kit intubação' em hospitais públicos do Rio e de Nova Friburgo.
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O Ministério da Saúde repassou ao Rio de Janeiro 1,04 milhão desses fármacos desde o início da pandemia. O painel de distribuição de medicamentos hospitalares do Ministério da Saúde aponta que a pasta fez um grande repasse entre julho e agosto de 2020 (260 mil medicamentos), primeira onda da pandemia. Esse número, no entanto, foi a quase zero no início do ano. Em fevereiro, a única distribuição do Ministério da Saúde foi de 200 unidades do Cloridrato de Cetamina, que serve para indução de anestesia. A distribuição de remédios voltou a subir em março (306 mil).
Secretaria de Saúde do RJ pediu aditivo de 50% para receber mais medicamentos
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Procurada, a Secretaria Estadual de Saúde afirmou que está "empenhando todos os esforços" para abastecer as unidades com o kit intubação. A pasta informou que entregou medicamentos para 74 unidades de saúde na última sexta-feira (9), e que "aderiu a uma ata do Ministério da Saúde (MS) para aquisição dos medicamentos e realiza um processo de compra para suprir a necessidade do estado nos próximos três meses". Há ainda lotes de remédios que estão na Coordenação Geral de Armazenagem (CGA), em Niterói, e devem ser em breve distribuídos aos municípios.
A secretaria disse ter pedido um aditivo de 50% no contrato de adesão do Ministério da Saúde para receber mais medicamentos. A distribuição dos fármacos é feita de maneira proporcional a à população dos estados. 
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Procurado, o Ministério da Saúde não explicou a redução na distribuição de medicamentos no início do ano. A pasta afirmou que "já distribuiu aos estados e municípios mais de 8 milhões de medicamentos para intubação de pacientes ao longo da pandemia", e que "está em andamento dois pregões e uma compra direta via OPAS".
SP pede ao Ministério da Saúde o envio de kit intubação em 24h
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O governo de São Paulo afirma ter enviado nove ofícios, o último deles na terça-feira, 13, ao Ministério da Saúde solicitando medicamentos do kit Intubação para pacientes graves de covid-19. O objetivo é repor estoques e evitar o desabastecimento de remédios essenciais para o tratamento da doença. Para evitar o colapso no atendimento, o prazo solicitado é de 24 horas.

"Em 40 dias, a Secretaria do Estado da Saúde mandou o quantitativo de nove ofícios para o Ministério da Saúde. Ontem foi o último ofício que nós mandamos porque nós precisamos do apoio do Governo Federal para a produção centralizada dos kits intubação", afirmou o secretário Jean Gorinchteyn.
Em função da gravidade da situação, o secretário estabelece o prazo de 24 horas para a liberação dos medicamentos. A lista inclui quatro bloqueadores neuromusculares, três fármacos para sedação contínua e de um fármaco para analgesia. "Em face desse cenário, é imprescindível o envio de medicamentos para o Estado de São Paulo em até 24 horas, minimamente para suprir o abastecimento de 643 hospitais para os próximos dias", diz trecho do documento enviado ao governo federal.
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Com informações do Estadão Conteúdo