A mansão de luxo usada por Carla em Santa Catarina
A mansão de luxo usada por Carla em Santa Catarina Divulgação
Por Thuany Dossares
Rio - Uma vida de luxo e ostentação, com viagens para Europa e o gasto de R$ 1 milhão por ano com o pagamento de aluguel de mansões. Essa era a vida levada por Carla Oliveira de Mello, de 36 anos, suspeita de lavar o dinheiro do tráfico de duas comunidades da Zona Oeste do Rio, segundo a Polícia Civil. Ela foi alvo da operação Rainha de Copas, deflagrada nesta quarta-feira. 
Em fotos nas redes sociais, suspeita ostentava vida de luxo - Reprodução
Em fotos nas redes sociais, suspeita ostentava vida de luxoReprodução


Em oito meses de investigação, os policiais da Delegacia de Combate ao Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD) descobriram que Carla, que só teve um emprego na vida, aos 18 anos quando trabalhou como atendente numa grande rede de fast-food, movimentou R$ 7 milhões em suas contas bancárias nos últimos três anos. 

De acordo com os agentes, todo esse dinheiro era fruto da lavagem do dinheiro do tráfico das favelas de Antares e Rodo, em Santa Cruz, ligadas à facção Comando Vermelho (CV). As comunidades eram controladas pelo traficante Léo do Aço, morto em 2019, para quem Carla servia de laranja e ajudava na administrado dinheiro.

“Enquanto estava preso, o Léo do Aço fez uma delação premiada e um dos nomes falados por ele, foi o da Carla. De fato começamos a observar uma evolução patrimonial, a movimentação bancária dela era muito alta, o padrão de vida era muito elevado, para alguém que só teve um emprego na vida e há 18 anos”, explicou o delegado Gabriel Poiava, responsável pelas investigações.

Poiava ainda explicou que essa lavagem de dinheiro era feita através de empresas de fachada.

“Começamos a observar diversos depósitos em contas de empresas de fachada. A Carla tinha uma empresa de material descartável, como copos, pratos, talheres, em Campo Grande, que movimentou R$ 2 milhões nos últimos três anos. Ela também tinha uma empresa de aluguel de lanchas, em Mangaratiba, mas não alugava nada, não tinha funcionários”, contou o delegado da DCOC-LD. 
Lavagem de dinheiro rendeu fortuna e vida luxuosa 

Carla foi alvo da operação Rainha de Copas junto com seu companheiro, o cabo da PM Franco Guayanaz, lotado no 20° BPM (Mesquita). Os agentes da especializada também descobriram que o militar movimentou cerca de R$ 2 milhões desde 2019. 
Carla e Franco levavam vida de luxo e ostentação  - Divulgação
Carla e Franco levavam vida de luxo e ostentação Divulgação


Segundo a DCOC-LD, toda lavagem de dinheiro do tráfico fez com que o casal fizesse um verdadeira fortuna, com direito a mansões em áreas nobres, viagens internacionais, carros de luxo na garagem e a compra de lanchas, jetskis e quadriciclos. 

Dois dos nove mandados de busca e apreensão da ação, expedidos pela 1ª Vara Especializada de Crime Organizado, foram cumpridos em Santa Catarina. Um deles em uma mansão, em Jurerê Internacional, para onde o casal se mudou no dia 31 de março. De acordo com a polícia, os gastos com o aluguel do imóvel de luxo, que tinha ar condicionado até no banheiro, custam R$ 360 mil por ano. 

O outro mandado cumprido em Santa Catarina, foi na cobertura que o casal tinha em Balneário Camboriú, que custava R$ 140 mil de aluguel por ano.

Mas antes de se mudarem para o sul do país, Carla e Franco já levavam uma vida de muita ostentação no Rio de Janeiro. A especializada apurou que o casal morava no condomínio Mansões da Barra, um dos mais glamorosos em área nobre da Zona Oeste do Rio, pagando um aluguel anual de R$ 340 mil.

Eles também tinham uma casa de veraneio em Mangaratiba, na Costa Verde, que custava anualmente R$ 312 mil. Além disso, eles também tinham uma lancha, onde postavam fotos nas redes sociais.

“Eles levavam uma vida realmente muito luxuosa, com gastos completamente incompatíveis com a fonte de renda deles”, disse Gabriel Poiava.
Publicidade
Entrou na vida do crime com ex-marido

Os policiais da DCOC-LD explicaram que Carla já foi casada com o ex-policial militar Silvestre André da Silva Felizardo, que era lotado no Batalhão de Operações Especiais (Bope). Ele foi preso em 2015, acusado de receber, junto com outros três colegas de farda, R$ 250 mil por semana para passar informações privilegiadas sobre operações para traficantes, entre eles o Léo do Aço.

O ex-PM também foi um dos alvos da operação desta quarta-feira, suspeito de ser um dos laranjas da organização criminosa.

O monitoramento do dinheiro movimentado pela quadrilha contou com os dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Segundo as apurações do Departamento Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCOR), Carla e outros integrantes da quadrilha que atuavam como laranjas movimentaram cerca de R$15 milhões através das empresas de fachada.