Geral - Movimentaçao comercio na zona oeste. Na foto, Paulo Gerson, no restaurante polupar em Campo Grande.
Geral - Movimentaçao comercio na zona oeste. Na foto, Paulo Gerson, no restaurante polupar em Campo Grande.Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Por Yuri Eiras
Rio - Nos hospitais, a alta taxa de ocupação de leitos de UTI e a escassez do 'kit intubação' escancaram a crise na saúde. Ontem, o estado do Rio ultrapassou a marca de 40 mil óbitos por Covid-19. Mas a pandemia também é uma crise social. Com o desemprego em alta e o auxílio emergencial reduzido, pouca gente compra, pouca gente vende, e o dinheiro, que já era para lá de suado para parte da população, circula cada vez menos pelos comércios locais.
"Antes a gente conseguia um dinheiro 'maneiro'", afirma Wallace Araújo, de 21 anos, dez deles trabalhando como vendedor de roupas jeans no Calçadão de Bangu. "Com o comércio fechado e o desemprego aumentando, o povo está guardando para ir ao supermercado. O arroz aumentou, o feijão aumentou. Roupa não é produto essencial. Aí, acabo vendendo menos", comenta o ambulante. "O que eu recebo dá para pagar o almoço, a passagem e só. Praticamente estou pagando para trabalhar".
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Geral - Movimentaçao comercio na zona oeste. Na foto, Wallace Araujo, no calçadao de Bangu. - Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Geral - Movimentaçao comercio na zona oeste. Na foto, Wallace Araujo, no calçadao de Bangu.Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Perto dali, o restaurante popular de Bangu registrou aumento no fluxo de clientes no horário de almoço. A refeição é servida a R$ 2 entre 10h e 15h. Mais cedo, entre 6h e 9h, o café da manhã custa R$ 0,50. "Economiza para caramba, e em períodos assim qualquer economia faz diferença de vida", afirma o vendedor de amendoins Alexandre Silva, frequentador diário do restaurante. O aposentado Paulo Gerson, que vive nas ruas do bairro, faz coro. "Venho aqui quase todos os dias desde a inauguração. A comida é boa, não há do que reclamar".
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Geral - Movimentaçao comercio na zona oeste. Na foto, Paulo Gerson, no restaurante polupar em Campo Grande. - Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Geral - Movimentaçao comercio na zona oeste. Na foto, Paulo Gerson, no restaurante polupar em Campo Grande.Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
No Calçadão de Campo Grande, o vai e vem de pessoas é frequente - muitas insistem em não usar a máscara. A diferença para os tempos pré-pandemia é que agora quem era cliente virou apenas transeunte. Cleiton Nascimento tem uma barraca de potes plásticos e observa a queda brusca nas vendas. "Antes eu vendia, em um dia normal, para cerca de 40 pessoas. Agora vendo sete, dez no máximo. Muita gente está com medo e não vem aqui. Tem muita gente sem emprego também. Ano passado o auxílio ajudou, mas esse ano está tudo mais difícil", avalia.
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Dos dez bairros com mais óbitos na cidade do Rio, sete ficam na Zona Oeste. Os números absolutos são inflados, é bem verdade, por ser a maior e mais populosa região da capital. Mas o cenário é preocupante, principalmente pela infraestrutura oferecida à população, que deixa a desejar em comparação ao Centro e a Zona Sul. Campo Grande é o bairro com mais mortes, com 1.288. Bangu está em segundo, com 894. Completam a lista Santa Cruz (680), Realengo (675), Barra da Tijuca (511) e Taquara (471).