Henrique Damasceno é da 16ª DP (Barra da Tijuca). Ao fundo, boneco utilizado na reconstituição do caso Henry Borel
Henrique Damasceno é da 16ª DP (Barra da Tijuca). Ao fundo, boneco utilizado na reconstituição do caso Henry BorelDaniel Castelo Branco
Por Bruna Fantti
Rio - Henrique Damasceno, 40 anos, é um delegado de poucas palavras. Ao saber do motivo da matéria, com o objetivo de traçar seu perfil, já avisou: "Não gosto de fanfarronice". Mas, ao entender que era para focar na sua vida profissional, assentiu. Afinal, seu trabalho na polícia fala por si só: foram inúmeras prisões importantes, que lhe renderam a promoção por merecimento a delegado 1ª classe, o topo da carreira, em 2019, com apenas 11 anos na corporação.
Assim como o seu colega de turma, delegado Adriano Marcelo França, 55, tem mergulhado no horror dos relatos das vítimas que passaram pela vida do vereador Jairo Souza, o Dr. Jairinho, desde a morte do menino Henry Borel, no dia 8 de março.
Como titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), Damasceno apura todas as circunstâncias do assassinato da criança. Já França, que está há apenas 15 dias na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav), investiga, até o momento, dois casos de violência em menores que teriam sido provocados por Jairinho há alguns anos. "É difícil provar agressões pretéritas, sem exames de corpo de delito. Mas temos policiais que fizeram cursos para ouvir crianças, com técnicas embasadas na psicologia. E nada é impossível. Sempre dá para recuperar provas, com muito trabalho", explicou, na sua sala, logo após telefonar para a esposa e dizer que iria chegar mais um dia tarde em casa.
Apesar de serem de delegacias distintas, os dois trocam informações a todo o tempo. A trajetória de ambos como delegados na polícia começou na mesma turma de formação. No entanto, França já tinha uma carreira dentro da própria corporação, na qual foi inspetor por quinze anos. Sempre estudando, possui três pós-graduações.
Em seu currículo, além de 40 elogios publicados, França tem como destaque a coordenação do fechamento das carceragens nas delegacias, em 2012. Com o feito, desde então, todo preso já é encaminhado diretamente ao sistema prisional. No mesmo ano, realizou a prisão do traficante conhecido como Tiazinha ou Sonic, líder da facção ADA. Antes de ir para a Dcav já participou de prisões que envolviam abusos de crianças, inclusive a de um padre pedófilo. 
Ele também esteve à frente das operações Lázaros, que visava ao combate à chamada 'máfia dos cartórios'; Ubuntu, de tráfico em condomínios do Minha Casa, Minha Vida; Usura, contra agiotas; Pizzo, contra milicianos; entre outras. Também participou da operação de ocupação do Alemão, em 2010.
Em 2019, à frente da Polinter, prendeu mais de 600 foragidos — um feito inédito em um ano da unidade.
Damasceno, por sua vez, não fica para trás. Logo no início da carreira, passou a solucionar homicídios. Foi ele, inclusive, um dos criadores da Divisão de Homicídios, hoje Departamento, no qual ficou por seis anos. Lá, esteve em casos como o do goleiro Bruno, condenado pelo homicídio de Eliza Samudio; do assassinato da juíza Patrícia Acioli; além do estupro seguido de morte da menina Rebeca, 9, na Rocinha.
Apesar desses casos, seu reconhecimento como investigador perspicaz ocorreu após as prisões de chefões do tráfico, ao sair da Homicídios, muitas fora do Estado do Rio. Entre os presos, estão: Roger Freitas, o Roger do Jacarezinho; Periquito, operador de rotas do tráfico de Beira-Mar; Rogério Nascimento, o Crânio, de Acari. Outra prisão de destaque foi a do traficante Eduardo Cardoso, o Capilé, no Paraguai.
Indagado a respeito de como distancia a cabeça dos crimes, manteve o mistério.
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