Motoristas de ônibus pedem prioridade na vacinação e ameaçam paralisação
Motoristas de ônibus pedem prioridade na vacinação e ameaçam paralisaçãoEstefan Radovicz / Agência O Dia
Por Yuri Eiras
Rio - Sindicatos do setor rodoviário do Rio acirraram o discurso nos últimos dias e cobram da Secretaria Municipal de Saúde que a categoria seja incluída na lista de prioridades da vacinação contra a covid-19. A capital já começou a imunizar agentes de segurança - bombeiros e policiais -, profissionais da educação e da saúde, mas ainda não há previsão de quando motoristas e fiscais serão vacinados. A pasta afirma que depende da chegada de novas remessas e que elencou, até agora, os grupos que  "apresentam mais complicações diante da infecção pelo coronavírus".
Uma paralisação dos ônibus da capital não está descartada nos próximos dias. Na semana passada, rodoviários de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá e Tanguá decidiram suspender parte da circulação dos veículos, a fim pressionar pela inclusão dos trabalhadores no calendário. Em São Paulo, capital, e Guarulhos, o movimento também tem sido em prol da paralisação nos próximos dias.
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No Rio de Janeiro, trabalhadores de transporte coletivo rodoviário - urbano e de longo curso, como intermunicipais - estão incluídos no calendário de vacinação contra a gripe, entre os dias 9 de junho e 9 de julho, mas não há previsão para a vacina contra o coronavírus. Funcionários de empresas alegam que são expostos a um alto risco de infecção por conta da grande circulação diária de passageiros.
"Nas minhas páginas só no mês de março eu postei 20 óbitos. Isso porque, obviamente, nem todas as mortes na categoria chegam até a mim. A gente já vê uma base sendo exposta ao vírus", afirmou um rodoviário, que administra uma página nas redes sociais em favor da classe. 
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Presidente do Sindicato dos Rodoviários do Rio e diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Terrestres (CNTTT), Sebastião José cobra a mudança no cronograma. Em janeiro, o sindicato enviou à prefeitura do Rio um ofício que solicitava a inclusão da categoria.
"Há muito tempo que a categoria vem cobrando uma melhor condição de trabalho. A chegada da Covid 19 só fez agravar a situação e expor motoristas e cobradores ao vírus, já que não existe nenhum tipo de fiscalização ou controle por parte do poder público nos pontos finais ou plataformas durante o embarque nas hora de pico. Em todos esses anos de sindicalismo jamais presenciei uma situação tão delicada no setor", avaliou José.
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O Rio Ônibus, sindicato das empresas de ônibus que atuam no Rio, se posicionou para que os funcionários sejam vacinados. "Os rodoviários são verdadeiros heróis desses tempos de pandemia. Em nenhum momento do longo período de recomendação de isolamento houve qualquer tipo de paralisação da circulação do transporte por ônibus na cidade. Nada mais justo e seguro que estas pessoas sejam reconhecidas e cuidadas pelo governo", afirmou Paulo Valente, porta-voz do Rio Ônibus. Segundo cálculos da entidade, os trabalhadores lidam com uma média de 200 pessoas por dia durante o exercício da função. Há aproximadamente 11 mil motoristas e fiscais na capital.
Geral - Movimentaçao no transporte BRT, na zona oeste do Rio, na manha de hoje. Na foto, movimentaçao na estaçao BRT Magarça. - Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Geral - Movimentaçao no transporte BRT, na zona oeste do Rio, na manha de hoje. Na foto, movimentaçao na estaçao BRT Magarça.Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
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O que diz a Secretaria Municipal de Saúde
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que "as vacinas estão chegando aos poucos ao município e, pelo cronograma de entregas do Ministério da Saúde, não haverá ainda doses para todos a curto prazo. Diante disso, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) precisou elencar prioridades dentro dos grupos contemplados pelo Programa Nacional de Imunizações, visando sempre atender primeiro aqueles que, estatisticamente, apresentam mais complicações diante da infecção pelo coronavírus".
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A pasta informou ainda que aguarda o avanço do cronograma de entregas pelo Ministério da Saúde e "também trabalha com a possibilidade de compra direta de vacinas, após aprovação da ANVISA, e espera com isso poder atender outros grupos prioritários no menor prazo possível".