Outro senhor, de 60 anos, conhecido pelos colegas como Morgan Freeman carioca devido à semelhança com o ator americano, também aproveitava o almoço, enquanto mostrava seus chaveiros e lembranças que tentou vender em vão durante toda a manhã. "Irmão, não tem ninguém aqui. Esse rango caiu do céu", disse, ao ver Shackal, que já esteve em situação de rua e conhece muitos dos moradores da região.
O diretor-executivo do Rio Solidário, Himalaia Galvão, ajudou na distribuição das quentinhas, sempre feita em filas organizadas para evitar aglomerações. "No Rio Solidário nós temos meios e recursos para ajudar quem atua nos territórios. Não dá pra gente ficar de braços cruzados". Além da quentinha, foram distribuídos talheres de plástico e aplicado álcool em gel nas mãos de quem recebia. "A Tropa já está habituada com este tipo de ação e por isso essa parceria tem tudo para dar certo. Estamos num projeto piloto", contou Himalaia Galvão.
Andando de um lado para o outro, sempre em contato direto com os moradores de rua, Shackal se mostrava realizado. A Tropa da Solidariedade costuma distribuir de 200 a 300 quentinhas diariamente e desta vez, com a meta multiplicada, conseguiu matar a fome de muitas pessoas. "Sei o que é passar fome nas ruas. Volta e meia, nas nossas ações, ficava gente sem comer e hoje isso não aconteceu", relatou ele.
Nesta terça-feira (4) e quarta-feira (5), a ação se repete pelos bairros do Rio. O projeto precisa de mais doações para dar continuidade ao trabalho.