Monique
MoniqueReprodução/Instagram
Por Yuri Eiras, BRUNA FANTTI E ANDERSON JUSTINO
Rio - O delegado titular da 16ª DP (Barra), Henrique Damasceno, sustentou que Monique Medeiros, mãe de Henry, já teve oportunidades de prestar depoimento e contar a verdade, e que o argumento da defesa, de que ela está sendo impedida de relatar os fatos, é "descabido". "O único calado foi o Henry", ressaltou o delegado, em entrevista coletiva na manhã desta terça-feira (4), na Cidade da Polícia.
A Polícia Civil concluiu inquérito na segunda-feira e indiciou Jairinho e Monique por homicídio duplamente qualificado. O vereador foi denunciado ainda por tortura nos dias 2 e 12 de fevereiro, a mãe da criança por omissão quanto à tortura do dia 12. Com o inquérito finalizado, a mãe perdeu a chance de ser ouvida novamente, já que no primeiro depoimento ela sustentou a versão de que Henry sofreu um acidente doméstico.
Publicidade
"Em relação ao argumento de que Monique foi calado, é um argumento absolutamente descabido. Ela foi ouvida por horas. E em segundo lugar, por lei, ela terá duas oportunidades para se manifestar em juízo. Até aqui, o único calado foi Henry. Ele pediu ajuda e foi calado. Ela teve a oportunidade de se manifestar. Na primeira etapa da investigação, encontramos com ela, estávamos só ela e sua família. E a equipe fez muita questão de deixá-la à vontade para prestar qualquer informação", lembrou Damasceno, que presidiu as investigações. "O que temos aqui é o contrário: provas de que quem coagiu testemunha foi ela. Ela pediu que a babá apagasse as mensagens. Ela pediu para que a babá não falasse o que sabia".
"Três pessoas estavam no apartamento. Duas estão presas. A outra faleceu, que é Henry. A questão é que nós só teríamos uma informação fidedigna se alguém confessasse", completou Damasceno.
Publicidade
Presa há quase um mês, Monique Medeiros passou a escrever cartas a familiares, ao ex-marido e ao delegado que investiga a morte do menino Henry Borel, de quatro anos. Nelas, a professora e ex-namorada do vereador Jairo Souza Santos Junior (sem partido), o Dr. Jairinho, se mostra arrependida pela morte do filho e pede para que seja ouvida novamente pela Polícia Civil.
"Preciso dar a versão verdadeira do que aconteceu! Esse relato é apenas um desabafo de uma mãe que clama pela verdade. Há muito a ser dito e há muito a ser esclarecido! Sem mentiras, sem treinamentos, sem inverdades. Eu estava sendo manipulada sem perceber; todas as vezes que tentava procurar uma maneira de me desvencilhar e tentar contar a verdade, eu era impedida... E foram muitas vezes", afirma.
Publicidade
Henry rasgou a roupa da babá para não entrar no quarto com Jairinho, diz delegado
A troca de mensagens entre a babá de Henry, Thayná Ferreira, e o noivo, foram fundamentais para que a investigação concluísse que houve pelo menos três episódios de torturas ao menino Henry Borel, de quatro anos, até sua morte no dia 8 de março. Em um deles, a babá contou, em depoimento, que Henry chegou a rasgar sua roupa ao agarrá-la com força para não entrar no quarto junto com o padrasto, Dr. Jairinho. Depois, o vereador deu R$ 100 para Thayná comprar uma nova blusa. A babá é investiga por falso testemunho.
Publicidade
"Ela chegou a comentar com o noivo que o menino chegou a rasgar a blusa dela, desesperado para não ir para o quarto com o padrasto. Depois, este deu uma importância de R$ 100 para ela" contou o delegado titular da 16ª DP (Barra), Henrique Damasceno, durante coletiva de imprensa na Cidade da Polícia, na manhã desta terça-feira (4).
O delegado também lembrou uma outra passagem contada por Thayná: a babá teria percebido Jairinho tampando a boca de Henry enquanto estavam juntos no quarto, em um episódio de agressão ocorrido em fevereiro. "Parece estar tampando a boca do menino, uma doideira de verdade", escreveu a babá em uma troca de mensagens. Ela teria ouvido o menino dizendo 'eu prometo' para Jairinho, o que, segundo as investigações, corrobora a tese de que o vereador ameaçava Henry caso ele contasse das agressões para a mãe.
Publicidade
"O padrasto se trancou com o menino no quarto. O menino saiu, não se queixou de dores e só veio a se queixar quando mais tarde, inclusive, não quis brincar com outras crianças na brinquedoteca. Nesse primeiro episódio encontramos conversas entre ela (a babá) e o noivo. Ela dizia que parecia, de dentro do quarto, que o padrasto estava tampando a boca do menino, que dizia 'eu prometo'. Foram episódios bastantes sérios", relatou Damasceno.