Cerca de mil pessoas estiveram presentes na manifestação desta sexta-feira
Cerca de mil pessoas estiveram presentes na manifestação desta sexta-feiraEstefan Radovicz / Agência O Dia
Por Bernardo Costa
Rio - Aproximadamente mil pessoas participam de protesto, no início da noite desta sexta-feira, contra a morte de 28 pessoas durante operação policial no Jacarezinho, na quinta-feira. Os manifestantes ocupam a pista lateral da Avenida Dom Helder Câmara, na altura da comunidade. À frente do cortejo, empunham cartaz com os dizeres: "Contra o genocídio, rebelar-se é justo". O protesto acontece de forma pacífica.
Publicidade
"Não somos coniventes com a criminalidade. Mas é a vida. Não existe pena de morte no Brasil e não podemos nos conformar diante de todas esses assassinatos. Pedimos solidariedade e cidadania para todas as favelas do Rio. Elas são as protagonistas. E, hoje, o Jacarezinho", disse Rumba Gabriel, do Portal Favelas.
Publicidade
Os manifestantes se reuniram na quadra da Escola de Samba Acadêmicos do Jacarezinho e caminharam até a entrada da Cidade da Polícia, onde um cordão formado por policiais civis fazia o isolamento do local.
Em frente aos agentes, os manifestantes gritaram palavras de ordem, como "Polícia assassina, chega de chacina" e "Abaixo o caveirão, polícia de invasão". E cantaram o refrão do Rap da Felicidade: "Eu só quero é ser feliz. Andar tranquilamente na favela onde eu nasci".
Publicidade
Neste momento, os manifestantes estão entrando na comunidade, pela entrada principal, conhecida como a Rua da Feira.
A deputada estadual Dani Monteiro, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, também acompanha a manifestação.
Publicidade
"A gente pede uma investigação independente. Esse caso não pode cair no esquecimento. Esse massacre não pode ser naturalizado. Entendemos que a Polícia Civil não pode ser a responsável pelas investigações dos excessos cometidos e acreditamos na apuração do Ministério Público", disse a deputada, que destacou relatos de execuções:
"Recebemos relatos de que bandidos, mesmo após se entregarem, foram executados pelos policiais. Que fosse presos e julgados com todos os rigores da Lei. Mas não executados. Não temos pena de morte no Brasil. Por isso, os policiais não podem ter licença para cometer execuções nas favelas".
Publicidade
No interior do Jacarezinho, um jovem de 17 anos relatou o que viu durante a operação desta quinta-feira:
"Foi um verdadeiro inferno. Havia sangue por todos os becos. Muito sangue. Muitos corpos. Os moradores fizeram um protesto no meio da operação, por volta de 14h, pedindo para que os policiais fossem embora, para o massacre ter fim. Quando saí de casa para participar do protesto, vi o corpo que foi colocado na cadeira com o dedo na boca. Foi uma cena terrível, que não sai da minha cabeça. Não consegui dormir nesta noite. É muita barbárie. Eu acho que já estou enlouquecendo diante de tanta violência".
Publicidade
Segundo o jovem, entre os mortos havia inocentes: "Tinha inocente sim. E ainda tem corpos que estão sumidos".