Representantes de empresas foram encaminhados para a 17ª DP (São Cristóvão)
Representantes de empresas foram encaminhados para a 17ª DP (São Cristóvão)WhatsApp O DIA
Por Karen Rodrigues*
Rio - Representantes de duas empresas que atuam na administração da Feira de São Cristóvão causaram tumulto, neste domingo (9), na entrada do local, devido à uma disputa judicial pela bilheteria do espaço. A empresa LCV, antiga prestadora de serviços para a feira na área de limpeza e manutenção, alega dívidas, que chegam a R$ 10,8 milhões, por parte dos gestores atuais da feira. Segundo informações, funcionários da LCV estavam impedindo que os feirantes entrassem na feira. Uma equipe do 4º BPM (São Cristóvão) foi acionada ao local e, ao constatar a confusão entre os dois grupos, conduziram os envolvidos para a 17ª DP (São Cristóvão). O caso foi registrado como injúria.
A empresa LCV conseguiu na Justiça a decisão para administrar a bilheteria como forma de receber pelos valores referentes à dívida. No entanto, segundo o advogado da LCV, a atual comissão de administração da feira se nega a cumprir a decisão. 
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A demanda judicial da LCV está em curso desde 2005 e já está em cumprimento de sentença. De acordo com o advogado da empresa, os dirigentes da feira, na época da transição do governo do ex-prefeito Marcelo Crivella para a do atual prefeito Eduardo Paes, rescindiram o acordo judicial e suspenderam o pagamento da dívida.
"Como não existe transparência nas receitas da feira, ficou determinado a exploração e administração da bilheteria da feira para que a empresa, inicialmente, retirasse R$ 67,5 mil por mês. Então, o que eles têm feito é criar um obstáculo injustificado ao cumprimento dessa decisão", relatou a defesa da empresa. 
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De acordo com o advogado, a gestão administrativa da feira retardou a abertura do local em duas horas, neste sábado (8). No entanto, representantes da LCV, neste domingo, abriram a bilheteria do espaço comercial e cultural, às 10h, e a gestão atual se manifestou contra a abertura. Por conta desta disputa administrativa, o caso foi parar na delegacia.
"Eles podem até ficar nas bilheterias, mas não têm direito a acessos no pavilhão. O que está acontecendo já tem três semanas e hoje toma proporções de abuso total. Eles abriram a bilheteria na marra, estão barrando pessoas e o pior, com força armada, intimidando as pessoas", informou a Comissão de Feirantes.
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De acordo com o advogado da Comissão Administrativa da Feira de São Cristóvão, Charles Silveira, a ação judicial que prevê a administração da LVC somente na bilheteria está em execução na 43ª Vara Cível do Rio e a comissão irá resolver o caso na Justiça.
Segundo a defesa da LCV, ainda há outros processos investigando irregularidades e ausência na prestação de conta da administração da feira. No entanto, o advogado da Comissão Administrativa nega as acusações. "Não existe processo nesse sentido, o único processo que está em pauta é a transferência da bilheteria da feira de São Cristóvão, tudo isso em decorrência de ação transitada em julgado no ano de 2010. É importante frisar que a atual comissão foi empossada em 31 de janeiro de 2020, conforme publicação em diário oficial", disse Charles Silveira.
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Desde a gestão do ex-prefeito Crivella, a administração da Feira de São Cristóvão vêm passando por dificuldades financeiras. Há mais de um ano, foi formada uma Comissão Gestora, formada por feirantes, que estão tentando reerguer a feira diante da pandemia. 
"O que eu espero é que essa questão de disputa que existe hoje dentro da feira não atrapalhe o trabalho que a gente vêm fazendo, que é reconduzir a feira ao lugar que ela era antes, que ela sempre foi. Então, esse dia das mães é considerado Natal para os feirantes, porque as pessoas sempre gostaram de ir à feira e eu acho lamentável que as pessoas realmente não pensem na feira como um espaço, mas pensem nos seus desejos pessoais", lamentou Marlene Mattos, produtora de eventos da Feira de São Cristóvão. 
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*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes