Marcelo Jorge Pereira da Silva debochou das vítimas ao chegar na delegacia
Marcelo Jorge Pereira da Silva debochou das vítimas ao chegar na delegaciaREPRODUÇÃO TV GLOBO
Por Yuri Eiras
Rio - O sonho da casa própria tem virado pesadelo para cada vez mais pessoas. As negociações pela Internet, que se consolidaram nos últimos anos, são parte das novas estratégias de golpistas que agem em sites de compra e venda de imóveis. Na última segunda-feira (24), agentes da 4ª DP (Praça da República) prenderam três suspeitos de participarem de um esquema de fraude imobiliária em uma cooperativa de habitação. Um deles, Marcelo Jorge Pereira da Silva, tinha 80 passagens pela polícia, e mandou beijos às vítimas, em tom de deboche, ao chegar na delegacia. Outro casal foi indiciado por usar o registro de corretor imobiliário para intermediar falsas negociações. O caso é investigado pela 21ª DP (Bonsucesso).
O advogado Daniel Barros estima ter aproximadamente 2 mil processos contra a cooperativa, acusada de praticar o golpe. A polícia estima que os golpes somam mais de R$ 3,6 milhões. Os suspeitos ofereciam um imóvel com um preço falso, muito abaixo do que realmente valia, para atrair o interessado. A cooperativa intermediava a negociação, e quando a vítima descobria o real preço da residência, os empresários já haviam recebido valores.
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"Eles pegavam postagens de pessoas que realmente estavam vendendo suas casas e replicavam essas publicações em sites de venda, colocando um valor super abaixo, muito atraente. Uma casa que valia R$ 500 mil, por exemplo, era replicada por R$ 200 mil, com direito a parcelas e R$ 30 mil de entrada", explica Daniel Barros.
"Quando essa pessoa via o valor, fazia o contato com o golpista. O golpista, então, ia no anúncio verdadeiro e fazia o contato com o real proprietário, se passando por corretor. Ele dava golpe no proprietário e no interessado. Quando a pessoa ia reclamar com o proprietário sobre o valor correto, eles percebiam que haviam sido lesados, e o golpista já havia recebido esses R$ 30 mil de entrada", completa o advogado.
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Outro casal indiciado pela Polícia Civil também usavam o papel de corretor imobiliário para aplicar os golpes. Leonardo Guttemberg dos Santos, que tem registro de corretor, buscava residências em sites de venda de imóveis, e após entrar em contato com os proprietários, conseguia a autorização para vendê-los. O golpe vinha quando aparecia um interessado: ele apresentava a sua companheira como se fosse a real proprietária do imóvel. Após fechar a falsa negociação, quando a vítima iria pegar as chaves do imóvel, descobria o verdadeiro proprietário do imóvel e não conseguia mais contato com Leonardo.
Saiba como evitar golpes durante a negociação
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O DIA ouviu especialistas e reuniu algumas das principais dicas para evitar ser vítima de um golpe imobiliário.
Observe se o intermediário é regularizado
"É importante o comprador ter em mente que além do dono do imóvel, os únicos habilitados para fazer transações imobiliárias são corretores e imobiliárias devidamente cadastradas no Conselho Regional de Corretores de Imóveis, o CRECI. Portanto, busque e verifique registros nos órgãos antes de adiantar qualquer valor", explica Cátia Vita, especialista em direito imobiliário.
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Peça para verificar os documentos do imóvel
Advogado especialista em direito digital, Antonio Carlos Marques Fernandes afirma que é adequado também ter acesso aos documentos do imóvel. "Quando você falar com um intermediário, é importante pedir o RGI (Registro Geral de Imóveis), procurar saber quem é o responsável. Qualquer negociação tem que ser com o proprietário assinando, ou dando poderes para aquela pessoa que se intitula intermediária", afirma Marques Fernandes.
Tenha cautela com transações pela Internet
Transações regulares via Internet são confiáveis, mas todo o cuidado é pouco com transferências para desconhecidos. "Tudo que envolve venda online, ao passo que traz facilidade, também devem gerar dúvidas. É preciso todo o cuidado do mundo: não vá entregar dados, fazer transferências sem antes confirmar a documentação física", completa Marques Fernandes.
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Não confie apenas em fotografias: visite o local, sonde a vizinhança
Cátia Vita lembra que por mais que as fotografias exibidas nos sites tenham qualidade, é fundamental visitar pessoalmente o local. "O ideal inclusive é ir até lá algumas vezes, variando entre o dia e a noite e tentando dar uma passada aos finais de semana. Interessante também conversar com os vizinhos, até para ter noção de como são as adjacências e se as suas principais demandas de conveniência e facilidades serão atendidas".