Gaguinho conseguiu na Justiça o direito de cumprir pena em casa
Gaguinho conseguiu na Justiça o direito de cumprir pena em casaReprodução
Por Beatriz Perez
Rio - A violência recrudesceu em Cavalcanti, Zona Norte do Rio, depois que o "gerente" do tráfico do Morro da Primavera, Wellington de Souza Gouvêa, o Gaguinho, de 32 anos, voltou para casa. Preso em 2018, Gaguinho sucede José da Silva Miguel Filho, o Zezito, de quem já foi gerente, no tráfico local. O morro integra o Complexo da Serrinha, que tem como liderança Wallace Brito Trindade, o Lacoste, da facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP).
Gaguinho cumpre pena em regime semiaberto. Em abril de 2020, ganhou na Justiça o benefício da Visita Periódica ao Lar. Diante da pandemia da covid-19, também conseguiu, em maio de 2020, autorização excepcional para aguardar em casa, em prisão domiciliar. Como condição para o benefício, ele deve recolher-se em sua residência entre 22h e 6h, permanecendo integralmente em casa nos fins de semana e não pode sair do Estado do Rio de Janeiro sem autorização judicial ou transferir sua residência sem prévia autorização da Justiça.
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Já Zezito, também apontado como liderança do tráfico local está em liberdade condicional desde outubro de 2019.
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Segundo moradores, a violência ostensiva vem se intensificando no bairro desde então. As ruas Iriri e Tumucumaque estão fechadas por barricadas. Há venda de drogas todos os dias na Rua Ingá, onde também são realizados bailes funk às sextas-feiras.
"Os traficantes além de colocarem barricadas na rua agora voltaram a realizar vários bailes (sempre às sextas-feiras). Além do barulho, a venda de drogas é gigantesca. Os traficantes andam armados com fuzis e ameaçam os moradores. Às 4h35 começam a dar tiros para o alto. Depois que ele (Gaguinho) foi solto é que colocaram as barricadas na rua", conta um morador que tem sua identidade preservada.
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Gaguinho responde por posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, homicídio qualificado, crime tentado (duas vezes) e resistência.
Um relatório do Disque-Denúncia feito a pedido de O Dia, aponta que as ruas que dão acesso à comunidade foram obstruídas com barricadas, dificultando a passagem de veículos dos moradores e de caminhões de entrega. Existem bloqueios em diversos pontos das ruas Iriri, Ingá, Oboró, Silva Vale, Laurindo Filho, Tumucumaque e Rua Joaquim Norberto.
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Os criminosos controlam uma central de TV a cabo e internet clandestinas e a venda de gás na comunidade. De acordo com as denúncias, eles proibiram as operadoras legalizadas de entrarem na região. O tráfico também cobra taxas de segurança aos comerciantes.
Ainda segundo informações obtidas pelo Disque-Denúncia, há uma parceria do tráfico com a milícia na comunidade. O tráfico obriga os moradores a usarem os serviços controlados por eles e não permitem o uso de câmeras de monitoramento em residências.