Movimentação no BRT, na Zona Oeste do Rio. Na foto, veículo saindo da estação Magarça
Movimentação no BRT, na Zona Oeste do Rio. Na foto, veículo saindo da estação MagarçaReginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Por O Dia
Diante da grave situação que se encontra o sistema de transporte público rodoviário, a Câmara do Rio realizou nesta quinta-feira (27) uma Audiência Pública com representantes dos sindicatos que representam os rodoviários e as empresas de ônibus da cidade. Na reunião, problemas econômicos das empresas e nos coletivos da cidade foram apontados.
“É importante que se abra a dita caixa preta. Quero propor um estudo com uma entidade de total isonomia e lisura, para que haja um relatório final que possamos apresentar ao Ministério Público, ao Poder Executivo, e à própria sociedade. Precisamos entender como o transporte dos ônibus chegou a esse nível, o motivo de ter colapsado”, revela o vereador Alexandre Isquierdo (DEM).

De acordo com o presidente da Rio Ônibus, João Gouveia Ferrão Neto, o iminente colapso teve origem ainda no ano de 2015, e foi agravado pela pandemia de Covid. “Nesses últimos anos, 16 empresas já foram fechadas e quatro estão em recuperação judicial. Mais de 21 mil pessoas ficaram desempregadas no setor, sendo 7 mil deles só durante a pandemia”.
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João Gouveia reforçou ainda a importância de encontrar mecanismos que possam tirar as empresas de ônibus da crise, como a modernização do contrato firmado entre o consórcio e o poder concedente desde 2010, e a taxação de aplicativos de transporte.

Para o presidente do Sindicato dos Rodoviários (Sintrucad-Rio), Sebastião José da Silva, a restrição de atividades econômicas e da circulação de pessoas, como medidas de combate ao coronavírus, foi um duro golpe no setor de transporte, ocasionando demissões e a redução de salários. Ele lamenta a redução da frota num momento que é essencial o distanciamento social. Segundo Sebastião, esses números podem aumentar ainda mais, com a possibilidade de demissão de 250 funcionários do BRT.
“É evidente que houve uma demanda menor devido ao trabalho remoto, mas um setor que jamais poderia ter sido reduzido era o transporte público, só assim poderia evitar aglomerações. Nós contribuímos para espalhar a doença, inclusive entre os próprios trabalhadores. Já perdemos mais de 60 motoristas para a Covid-19”, conta Sebastião Silva.

Reorganização do setor

Vice-presidente da Comissão, o vereador Felipe Michel (Progressitas) afirmou que existe uma desordem nos transportes urbanos, e que todos os modais precisam passar por uma reorganização. “O sistema de transporte da cidade tem que ser resolvido como um todo. São os moto-taxis, transporte complementar, ônibus, BRT, trem, metrô, barcas. Quem está tendo rentabilidade? A população não está sendo atendida”, detacou.

O vereador Luiz Ramos Filho (PMN), integrante da comissão, destacou que tanto os trabalhadores como usuários das frotas de ônibus sofrem com as situações precárias das linhas. ”Precisamos achar um ponto de equilíbrio nessa situação, o sistema de transporte público é essencial para a economia, e vem se degradando ao longo do tempo”, afirmou.

Vacinação de rodoviários

A importância de vacinar os profissionais da área contra a Covid também foi colocado em discussão. O vereador Felipe Michel afirmou que o colegiado já protocolou um projeto de lei para incluir a categoria como prioritária para a imunização. “Nós da Comissão entramos com o Projeto de Lei no 211/2021, colocando os motoristas profissionais na lista dos grupos prioritários para receber a vacina da Covid-19. Esses profissionais não pararam um minuto desde o começo da pandemia”.

O vereador Tarcísio Motta (PSOL) propôs o envio desta demanda aos órgãos que definem a fila de vacinação. “É preciso encaminhar ao Comitê Científico da Prefeitura do Rio, à Secretaria Municipal de Saúde e ao Ministério da Saúde a solicitação da inclusão da categoria como prioritários o mais rápido possível”.