Cerca de 400 podem ter furado fila da vacina com falsos atestados
Médicos teriam lucrado, pelo menos, R$ 8 mil em esquema. Cada comprovante de comorbidade era vendido por R$ 20
Rio -- Pelo menos 400 pessoas podem ter sido vacinadas contra a covid-19 utilizando falsos atestados médicos, que eram vendidos em uma clínica, em Pilares. Os documentos atestavam que os pacientes possuíam algum tipo de comorbidade elencada pelo Ministério da Saúde como prioridade para a vacinação. Assim, com o falso atestado, elas conseguiam furar a fila para o imunizante.
Agentes da Delegacia de Defraudações (DDEF) prenderam os médicos Sérgio Mendes Izidoro e Augusto Guedes de Carvalho Filho, suspeitos de serem os responsáveis pelo esquema. A informação da prisão foi noticiada com exclusividade, pelo O DIA.
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Na clínica, que além de especialidades médicas também trabalhavam dentistas, os atestados eram vendidos por R$ 20. Assim, com a venda dos comprovantes, os médicos teriam lucrado, pelo menos R$ 8 mil. "Uma das secretárias do local afirmou que o esquema ocorria toda segunda e quarta-feira, que eram os dias em que eles estavam na clínica", afirmou a delegada Daniela Rabello, titular da DDFE.
Os policiais, no entanto, apreenderam inúmeros atestados em branco, com o carimbo dos médicos, o que pode apontar que a fraude pode ter sido bem maior. Em um dos comprovantes médicos, estava escrito, por exemplo, que o paciente possuía hipertensão arterial.
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Os médicos irão responder pelo artigo 302 do Código Penal, que é "no exercício da sua profissão, dar atestado falso". A pena é detenção de um mês a um ano, para cada documento, além de multa, já que a emissão previa lucro.
Além disso, as pessoas que receberam os atestados estão sendo procuradas. A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos presos.