Saúde abre sindicância sobre cobrança indevida da guia de óbito no Hospital Municipal Salgado Filho
Marcelo Chaves, marido de Alessandra Alves, de 47 anos, vítima da covid-19, diz ter sido cobrado em R$ 200 pela guia de óbito, que é gratuita, para liberar o corpo da esposa
Rio - A Secretaria Municipal de Saúde (SMS), segundo o secretário Daniel Soranz, abriu uma sindicância para apurar uma denúncia de cobrança indevida da guia de óbito no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, Zona Norte do Rio. Marcelo Chaves, marido de Alessandra Alves, de 47 anos, vítima da covid-19, diz ter sido cobrado em R$ 200 pela guia de óbito, que é gratuita, para liberar o corpo da esposa.
Segundo Marcelo, o hospital o informou sobre a morte da esposa, por complicações da covid-19, na sexta-feira, dia 9 de abril, e ele tentou no mesmo dia liberar o corpo, mas não foi permitido. A unidade de saúde alegou que a documentação era necessária e pediu que o homem voltasse no dia seguinte, no sábado, dia 10, pois já era tarde da noite.
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Ao retornar, Marcelo relatou ter sido cobrado em R$ 200 pela guia de óbito para poder liberar o corpo da esposa. "Eu fiquei sabendo, mais para frente, que esses R$ 200 já era para fechar um pré-contrato com a funerária (Riopax) que trabalha dentro do hospital. É uma máfia que tem dentro do hospital para que você feche os contratos com eles", disse.
Marcelo só conseguiu liberar o corpo de Alessandra no domingo, dia 11, sem precisar pagar pela documentação, após denunciar a cobrança da guia de óbito. "O corpo estava jogado em um contêiner, virado, jogado de bruços. Estava toda deformada. Eu tive que entrar com um rapaz da funerária dentro do contêiner para tirar o corpo da minha mulher e botar dentro de um caixão para poder fazer o enterro", contou.
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Ainda segundo ele, funcionários do hospital costumam contatá-lo afirmando que "a denúncia não precisa ser feita" e o caso "pode ser resolvido".
"Eles falam que o hospital não tem culpa de nada. 'Foi a funerária que a gente deixa trabalhar aqui para poder facilitar o trabalho deles'. A funerária trabalha lá dentro, eles têm sala lá dentro do hospital. Os próprios funcionários ficam jogando para cima da funerária. Ali dentro é um antro de dinheiro. A morte dentro do Salgado Filho é um comércio", afirmou o viúvo.
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Segundo informações da SMS, a direção do Hospital Municipal Salgado Filho, no momento da denúncia, levou o caso à polícia, realizou um boletim de ocorrência e abriu também uma sindicância para apurar o caso.
"Agora, para finalizar a sindicância falta apenas o depoimento do senhor Marcelo. Convocado por diferentes meios, ele jamais compareceu ao hospital para prestar o depoimento e identificar quem fez a cobrança indevida pelas imagens de segurança. Dos funcionários do hospital que foram ouvidos, todos negaram ter presenciado alguma cobrança. A direção do HMSF reforça a importância do depoimento do sr. Marcelo para esclarecimento dos fatos e o aguarda na unidade o mais breve possível para depoimento", disse a pasta, em nota.
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Marcelo chegou a fazer um registro da ocorrência na 23ª DP (Méier) mas, segundo ele, ainda não há detalhes sobre a investigação e nem convocação para prestar depoimento.
Procuradas pelo O DIA, a Polícia Civil e a funerária RioPax ainda não deram retorno.
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*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes
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