Redação do jornal O DIA antes do início da pandemia Daniel Castelo Branco

Por O Dia
Com pouco mais de 2 milhões de habitantes na época, o Rio de Janeiro ainda vivia a euforia econômica do pós-guerra, sob o regime democrático da Constituição liberal de 1946. E, mesmo sem autonomia política por ser o Distrito Federal, a cidade era a sede do centro administrativo, cultural e social do país.
Palco das grandes decisões políticas e militares na época, o Rio assistia aos acontecimentos da história refletidos nas páginas dos seus jornais. E ali surgia o Jornal O DIA, que teve a sua primeira edição no dia 5 de junho de 1951, pelo então deputado Chagas Freitas, futuro governador dos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro.
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O surgimento do jornal só foi possível graças ao aproveitamento da estrutura já montada do vespertino A Notícia, adquirido pelo então governador de São Paulo, Ademar de Barros, um ano antes do lançamento de O DIA.
 
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Logo no editorial da primeira edição do DIA, estava clara a missão que o jornal passou a assumir: "Nascemos do apoio popular e só a ele devemos conta dos nossos atos. Livres de quaisquer compromissos com entidades ou grupos, estaremos onde estiver o interesse coletivo e não teremos outro chefe, outro orientador, senão aquele em cujo nome falaremos sempre: o povo"
 
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Quando os jornaleiros anunciaram a sua primeira edição nas ruas do Rio, um caderno único de oito páginas, compacto e leve, anunciava problemas que parecem persistir até hoje para a população. "Roncando de olhos abertos: a tragédia de um povo que só tem existido para sofrer e pagar impostos".
 
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Já em 1983, o jornal passou por uma grande reestruturação editorial e gráfica, sem perder seu perfil popular. A partir desse período, o jornal passou a ter um grande aumento de circulação e obteve vários prêmios nas áreas jornalística, administrativa e de marketing, revolucionando o conceito de jornalismo popular no Brasil.
 
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No dia 4 de março de 1991 surge o Caderno de Esportes, com oito páginas e resenha completa dos acontecimentos esportivos da semana, suplemento que no dia 6 de julho de 1992 passaria a se chamar Caderno Esportivo, com várias páginas em cores. Tal esforço do jornal foi reconhecido quando, após alcançar a liderança da mídia imprensa do país, O DIA recebeu, na Associação Comercial do Rio de Janeiro, o Troféu Gutemberg. A indicação resultou em entrevistas com 160 diretores de mídia de agências de publicidade, que, por maioria absoluta, destacaram-no como o maior jornal popular do Brasil, representando a "melhor mídia impressa, quando grandes massas consumidoras são o público-alvo".
 
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O jornal atravessou as décadas seguintes acompanhando a transformação do Rio e noticiando acontecimentos marcantes da cidade. Com a chegada da covid-19 no Brasil, o jornal precisou mais uma vez se reinventar para trazer informação para o povo.
 
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O chefe de reportagem do DIA, Gustavo Ribeiro, destaca que as equipes do jornal encararam com maestria um desafio até então impensável para qualquer jornalista antes da Covid-19: produzir reportagens e editar as publicações de suas casas. "As restrições impostas pelo isolamento social no início da pandemia, em 2020, impediram as interações presenciais, mas a sinergia cada vez mais forte entre repórteres, chefias, editores, infografistas e diagramadores permitiu uma grandiosa cobertura desse novo momento mundial, graças à tecnologia", avalia.
 
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O núcleo de Jornalismo Investigativo foi criado ano passado e é coordenado por Bruna Fantti, produzindo sempre matérias exclusivas. "Nas eleições, o núcleo denunciou, em uma série de reportagens, a atuação de milícias em currais eleitorais. Somos mais uma forma de apurar denúncias e levar informações checadas e de qualidade ao leitor", diz Bruna.
A PANDEMIA COMO UM NOVO DESAFIO
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Desde o dia 17 de março de 2020, a redação passou a se conectar a distância, algo inimaginável no dia 5 de junho de 1951. Hoje, enquanto o mundo segue enfrentando a covid-19, o periódico completa 70 anos com a sua equipe em casa e interligada, sempre tendo como prioridade levar informação ao seu leitor.
A editora-assistente Ana Carla Gomes, de 43 anos, relata sobre o cotidiano na pandemia: "Entrei no jornal em 1998, como estagiária, com a realidade de uma redação totalmente diferente daquela que tínhamos quando deixamos o trabalho presencial, no início da pandemia, em 2020. Hoje, em casa, encaramos um desafio diário, que exige muita disciplina, com os jornalistas trabalhando de forma remota. Perdemos algo precioso, que é o convívio com os colegas, e tentamos usar as reuniões online para estarmos mais próximos, mesmo a distância".