Nuno VasconcellosDaniel Castelo Branco
Nuno Vasconcelos: Os primeiros 70 anos de O DIA
Nada de relevante acontecido no Rio e no Brasil escapou à atenção do jornal — que sempre esteve entre os primeiros a noticiar os fatos
Sem jamais abrir mão de sua alma popular, o jornal se firmou como um dos mais influentes do Rio porque sempre soube escolher o seu lado: o do leitor.
Desde que circulou pela primeira vez, no dia 5 de junho de 1951, O DIA já viu o Brasil ser governado por oito presidentes da República eleitos pelo voto direto e por seis escolhidos pelos processos indiretos impostos durante o ciclo militar. Isso sem falar nos quatro interinos que governaram o país em alguns momentos dessa trajetória. O jornal acompanhou a experiência parlamentarista de 1961 e viu três vice-presidentes ocuparem o lugar dos titulares. Um deles, João Goulart, foi deposto pelo movimento militar de 1964, mais de um ano antes do término de seu mandato.
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O DIA viu o eleito Tancredo Neves morrer antes de tomar posse e outros dois presidentes terem os mandatos abreviados por processos de impeachment. Diante desses fatos, e sempre que pôde noticiá-los sem estar sob o controle da censura, o jornal sempre fez questão de publicar as informações mais precisas e confiáveis possíveis. E de, nas disputas que testemunhou, não tomar outro partido que não fosse o do leitor.
Como todas as pessoas e empresas do país, o jornal sofreu, nesses 70 anos, os efeitos de políticas econômicas nem sempre conduzidas com sensatez. O Brasil teve,no período, nada menos do que oito moedas diferentes. Desde a reforma monetária de 1967, que instituiu o primeiro Cruzeiro Novo, viu a moeda nacional perder um total de 15 zeros até passar a se chamar Real, no ano de 1994. De 1951 para cá, o país teve 63 ministros da Fazenda ou da Economia, entre titulares e interinos.
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CARIOCA DA GEMA
Muito mais do que fatos históricos, cada um dos episódios mencionados representa um momento marcante que ajudou O DIA, em seus 70 anos, a se firmar como um veículo cujos interesses se confundem com os de seu leitor. Criado no antigo Distrito Federal, viu sua terra natal ser transformada no estado da Guanabara em 1960 e depois, com fusão de 1975, se tornar a capital do estado do Rio.
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Nada de relevante que tenha acontecido no Rio e no Brasil nesse período escapou à atenção do jornal — que sempre esteve entre os primeiros a noticiar os fatos, por mais dramáticos que fossem. Esteve presente nas coberturas da queda do elevado Paulo de Frontin, em 1971, e do naufrágio do Bateau Mouche, em 1988. Em compensação também foi testemunha de tudo que, ao longo desses 70 anos, ajudou a construir a grandeza e a glória do Rio — e, claro, a alegria de seus cidadãos.
Um jornal não pode ignorar aquilo que é notícia — traga tristeza ou felicidade. O DIA acompanhou a obra e noticiou, em 1974, a inauguração da Ponte Rio-Niterói — que ajudou a aproximar as pessoas dos dois lados da baia da Guanabara. Um ano mais novo do que o Maracanã, vibrou junto às torcidas com os títulos conquistados pelos clubes cariocas e pela seleção brasileira.
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Um dos veículos mais relevantes na cobertura do carnaval carioca, acompanhou desde o início as obras do Sambódromo e esteve presente em todos os desfiles das escolas de samba que houve ali entre 1983 até 2020. Este ano, infelizmente, a festa não aconteceu e o jornal apoiou a decisão de cancelá-la—assim como apoiou todas as as medidas destinadas a conter o coronavírus.
A pandemia, que já custou a vida de quase meio milhão de brasileiros, causou o cancelamento das festas mais tradicionais do calendário e impôs uma mudança de hábitos que não combina com o espírito agregador do carioca e do fluminense. Defensor desde o primeiro momento das medidas de isolamento exigidas pelo combate a esse inimigo cruel e traiçoeiro, O DIA sempre cobrou das autoridades medidas eficazes para combater o vírus e amenizar o impacto da Covid-19 sobre a economia. Com a mesma convicção, no entanto, nunca se negou a criticar as pessoas que, ao promoverem aglomerações durante a pandemia, ajudaram a espalhar o vírus e aumentar as taxas de contaminação.
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INTERESSE DO CIDADÃO
Não foi fácil chegar até aqui. Se O DIA obteve êxito nessa missão e completou seus primeiros 70 anos de vida foi porque sempre procurou estar ao lado de seu leitor. É em nome disso que o jornal vem implantando desde 2019 uma rede de cobertura abrangente, que já está presente em mais de 40 municípios do estado. Ou seja: quase metade dos 92 municípios do Rio conta atualmente com a cobertura local dos profissionais de O DIA. Nenhum outro conta com uma estrutura semelhante.
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Essa postura inovadora só foi possível porque o jornal, ao longo da história, sempre contou com o apoio e a confiança de um número expressivo de anunciantes e de colaboradores comprometidos com o jornal. Todos eles fazem parte da história vitoriosa que, neste momento, vem sendo marcada pela transposição da plataforma física para o meio eletrônico — onde os veículos do grupo estão entre os mais relevantes do Brasil.
Sem a coesão que todos demonstram em torno do mesmo propósito não teria sido possível, por exemplo, superar as dificuldades que o jornal enfrentou nos últimos anos — e que o levaram a pleitear e obter em setembro do ano passado o regime de Recuperação Judicial.
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O momento é complexo, mas, assim como as que foram superadas no passado, as dificuldades do presente não serão suficientes para desviar O DIA de seu propósito. Isso porque um jornal, para estar ao lado do leitor, não pode ter medo de assumir suas posições — por mais que elas não coincidam com o ponto de vista das autoridades. Mas também não pode apoiar a condenação sem julgamento de acusados que não tiveram o direito de esgotar todos os seus recursos de defesa.
Nossa credibilidade estaria comprometida se, em nome dos interesses das autoridades, o jornal tivesse tentado negar o crescimento das milícias e do tráfico de drogas que, infelizmente, tomaram conta de pontos importantes da cidade e do estado. Ou se, por algum interesse alheio ao do leitor, o jornal tivesse tentado negar a precariedade do transporte público, que o trabalhador sente na própria pele a cada vez que sai de casa em busca do sustento da família.
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Na data em que completa seus primeiros 70 anos de vida, O DIA, mais uma vez, assume o compromisso de continuar não se omitindo diante dos problemas do Rio e do Brasil. Ao contrário disso, o jornal se compromete a continuar criticando o que for necessário, elogiando o que for de direito e sempre mantendo os olhos voltados para os interesses da população.
É em nome desse compromisso que o jornal tem insistido junto às autoridades e à sociedade civil na necessidade de um planejamento estratégico voltado para a recuperação do estado e do município do Rio. O jornal se dará por satisfeito se, em 2040, quando estiver para completar 90 anos, os objetivos traçados agora tiverem sido alcançados. Isso significará, caso aconteça, que o Rio terá recuperado a posição que nunca deveria ter perdido, de Cidade Maravilhosa, a mais acolhedora do Brasil. E terá voltado a ser um lugar capaz de proporcionar segurança e felicidade a seus moradores.
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