Estudantes, servidores, pais e responsáveis protestam em frente ao Colégio Pedro IIEstefan Radovicz / Agencia O Dia

Por Karen Rodrigues*
Rio - Servidores públicos, pais e estudantes do Colégio Pedro II realizaram, na manhã desta terça-feira (15), uma manifestação em frente à reitoria da instituição, em São Cristóvão, na Zona Central do Rio, em defesa da democracia interna do colégio, da liberdade de expressão e pelo fim dos cortes orçamentários que colocam o funcionamento da escola em risco.
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“Existe uma reforma administrativa de banqueiros, empresários para destruir todo o serviço público. Para tirar verbas da educação, verbas da saúde, verbas da segurança. Essa reforma administrativa só tem um objetivo, acabar com o serviço público. Essa reforma administrativa está conectada à situação que o Colégio Pedro II hoje vive, que é o bloqueio de verbas do CP II”, disse Sérgio Ribeiro, coordenador-geral do Sindicato dos Servidores do Colégio Pedro II (SINDSCOPE).
Segurando placas e faixas escritas “Liberdade de expressão é nosso direito” e “Educação não é mercadoria”, estudantes protestaram, segundo eles, por uma série de atos e medidas antidemocráticas do reitor Oscar Halac. A movimentação se acentuou com uma nota divulgada por Halac, na última quinta-feira (10), proibindo a afixação de faixas com mensagens críticas, "favoráveis ou contrárias", ao governo Bolsonaro e determinando a abertura de sindicância contra o diretor do campus que teria autorizado o exercício da liberdade de expressão.
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“O que o governo Bolsonaro quer fazer hoje é acabar com a educação pública, é destruir o Colégio Pedro II. Tirar verba dessa escola aqui significa que ela não vai funcionar. Fazer reforma administrativa significa que não vai ter mais concurso público para essa escola, significa que a gente vai entrar em um processo de precarização total da escola, significa a decadência do Colégio Pedro II. Esse ato é um ato em defesa de um patrimônio da população do Rio de Janeiro”, continuou o coordenador-geral do sindicato.
Antes da publicação da nota, segundo o SINDSCOPE, Oscar Halac já havia desrespeitado sistematicamente decisões do Conselho Superior (Consup), instância deliberativa máxima da instituição e que conta com representantes eleitos de quase todos os segmentos da comunidade escolar, com exceção dos trabalhadores terceirizados. Uma das decisões desrespeitadas por Halac é a que prorrogou o mandato dos colegiados da instituição até a realização das eleições. Hoje, de acordo com informações do SINDSCOPE, o reitor administra o colégio à revelia do Consup.
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“Em meu ponto de vista a manifestação de hoje é importante porque o reitor não pode se colocar acima do Consup. O reitor renovou os mandatos de todos os cargos menos o do Consup. Como pai de aluno, eu quero defender a qualidade do ensino dessa escola em todos os âmbitos, desde o ensino dentro da sala de aula quanto ao respeito das instituições internas da escola. Em tempos de desrespeito à democracia, lutar por ela com meu filho é um ato pedagógico”, disse Leonardo Lima, pai de aluno do 9º ano do CP II.
O ato foi convocado com todos os cuidados que a pandemia exige, com o uso de máscara obrigatório, de preferência a PFF2, assim como álcool gel e a manutenção de distanciamento. Pessoas com comorbidades ou com sintomas que possam ser de covid-19 foram orientadas pelo SINDSCOPE a não participar presencialmente e apoiar o ato de casa, pelas redes sociais.
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“A convocação do ato pela democracia e contra a censura envolve toda a comunidade acadêmica, que está sendo convocada a impedir que o reitor, eleito graças à democracia conquistada coletivamente, implemente um regime de autoritarismo e mordaça no CPII”, publicou o SINDSCOPE, em nota.
A Reitoria do Colégio Pedro II informou que a manifestação foi uma iniciativa do SINDSCOPE, não cabendo à ela opinar sobre o ato. "Em relação à Nota Oficial nº 01/2021, reiteramos que trata-se da não autorização, por parte da Reitoria, da afixação de faixas com mensagens contrárias ou a favor ao Governo Federal, nas dependências da instituição", afirmou em nota.
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*Estagiária sob supervisão de Beatriz Perez